Estados Unidos elogiam protestos no Irã

15/02/2011 - 5h46

Da BBC Brasil

Brasília - A secretária norte-americana, Hillary Clinton, apoiou nessa segunda-feira (14), de forma  “clara e direta”, a manifestação que reuniu milhares de pessoas nas ruas da capital do Irã, Teerã. O protesto foi proibido pelas autoridades do país.

Inicialmente, a marcha foi convocada por líderes oposicionistas em apoio às mudanças ocorridas na Tunísia e no Egito. Mas a manifestação se transformou em uma demonstração de descontentamento contra o regime do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.

“O que vimos no Irã hoje [ontem] é uma prova de coragem do povo e da hipocrisia do regime iraniano – um regime que nas últimas semanas elogiou o ocorrido no Egito”, disse Hillary. “[Os  manifestantes iranianos] merecem ter os mesmos direitos que viram ser exercidos no Egito”, acrescentou.

Segundo a secretária, a expectativa é que as vozes dos manifestantes sejam ouvidas pelas autoridades iranianas. "Acreditamos que deve existir um compromisso para a abertura do sistema político do Irã, para que sejam ouvidas as vozes da oposição e da sociedade civil", afirmou.

Os policiais iranianos usaram cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo para conter a multidão, que se reuniu em vários pontos de Teerã.  As autoridades cortaram a eletricidade e bloquearam o funcionamento de telefones celulares no centro da capital. Também houve manifestações nas cidades de Isfahan, Mashhad e Shiraz. Há informações, não confirmadas oficialmente, de que uma pessoa morreu e dezenas ficaram feridas.

Apesar de o governo iraniano oficialmente apoiar os protestos no Egito, ele sustentou que as manifestações de Teerã são "ações políticas" dos líderes de oposição, justificando a proibição do evento.

De acordo com o site oficial do líder de oposição Hossein Mousavi, a polícia o colocou em prisão domiciliar nessa segunda-feira. Um homem que subiu em um guindaste para protestar foi preso.

Analistas afirmam que o governo do Irã está tentando evitar que os grupos oposicionistas do país usem as manifestações do Egito para justificar os protestos contra o governo, que ocorreram em peso em 2009 contra a reeleição de Ahmadinejad.