Prefeitura de Teresópolis registra demanda acima da capacidade para cadastro do aluguel social

24/01/2011 - 17h40

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Teresópolis – Cerca de 200 moradores de Teresópolis que foram hoje (24) à Secretaria de Desenvolvimento Social e Economia Solidária fazer o cadastro para receber o aluguel social ficaram sem receber a senha de atendimento. Foram distribuídas 800 senhas, que acabaram já por volta do meio-dia.

Uma das que ficaram sem atendimento foi a empregada doméstica Clara Cardoso, de 27 anos. Ela disse que faltou ao serviço para fazer o cadastro e ficou indignada com a falta de senhas. Moradora de Ponte Nova, Clara perdeu tudo na enxurrada provocada pelas chuvas e quase não se salva, não fosse a ajuda do marido. Agora, ela está morando na casa de parentes. “Já perdi minha casa, tendo que voltar aqui todo dia, vou acabar perdendo o emprego”, queixou-se.

O secretário de Desenvolvimento Social do município, Rudimar Caberlon, explicou que não há estrutura suficiente para atender a quantidade de pessoas que procuram o cadastramento. “Não dá para as pessoas virem e acharem que atenderemos mil pessoas por dia. É humanamente impossível”, disse.

Segundo ele, cerca de 300 pessoas devem ser atendidas por dia, com a possibilidade de o número subir com a ajuda de 18 funcionários do governo estadual que chegaram essa tarde para reforçar a equipe de assistentes sociais do município. “O cadastro tem cinco páginas que precisam ser preenchidas com todo cuidado”, completou.

Mais senhas serão distribuídas na próxima segunda-feira (31), a partir das 8h. O secretário lembra que terão prioridade gestantes, idosos e pessoas com crianças de colo. “Entendemos a ansiedade e a angústia das pessoas, mas elas precisam vir aqui”, reforçou.

O cadastramento também pode ser feito nos Centro de Referência e Assistência Social (Cras) para quem mora longe do centro ou tem dificuldades de locomoção. Equipes do governo estadual também estão cadastrando moradores de localidades mais prejudicadas, entre elas, Três Córregos, Vieira, Bonsucesso, Santa Rita, Percegueiro, Fazenda Alpino, Vale Feliz e Campo Grande.

Em Teresópolis, cerca de 2,5 mil famílias vão receber o benefício de R$ 500 por um ano. Mas, em algumas localidades distantes do centro, as famílias estão confusas em relação ao cadastro para receber o aluguel social.

Em Três Córregos, morando em uma área onde barreiras ameçam desabar a qualquer momento, Maria Rocha dos Santos, de 72 anos, acredita que o cadastro que fez na igreja para receber mantimentos dá a ela o direito ao aluguel. "Fiz o cadastro lá na igreja, acho que vai dar certo”, afirmou a aposentada que abriga ainda a família de dois filhos.

A dona de casa Danúbia Severiana, de 22 anos, acha que a prefeitura tem divulgar melhor as informações sobre o aluguel social. Na rua onde mora Danúbia, várias casas desabaram e prejudicaram a estrutura de sua moradia. Ela sabe que precisará da ajuda do benefício para sair dali. “Estamos esperando a prefeitura vir aqui e condenar [a casa]. Não vou sair da minha casa para abrigo com minhas crianças de jeito nenhum”, afirmou.

Caberlon explicou que a secretaria de Desenvolvimento Social tem esclarecido a população sobre as regras do cadastramento por meio de veículos de comunicação, associações comunitárias e igrejas. Ele disse que é possível que, num segundo momento, assistentes sociais visitem as casas de moradores, principalmente daqueles com dificuldade de locomoção.

O cadastramento para receber o aluguel social começou na última sexta-feira (21) e se estendeu no último fim de semana nos abrigos municipais. Hoje, foi iniciado para famílias que estão na casa de parentes, de amigos ou em áreas de risco.

Edição: Lana Cristina//A matéria foi ampliada