Secretaria de Saúde do Rio confirma três casos de leptospirose na região serrana

23/01/2011 - 11h31

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A Secretaria de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro confirmou hoje (23) a ocorrência de três casos de leptospirose em municípios da serra fluminense, atingidos por fortes chuvas há 12 dias. De acordo com o superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da secretaria, Alexandre Chieppe, apenas um dos casos, registrado em Teresópolis, está ligado às recentes inundações. Os outros dois foram verificados em Nova Friburgo, mas a coleta do material para análise foi feita antes da tragédia.

Segundo Chieppe, as autoridades já estavam preparadas para o surgimento da doença, transmitida por meio do contato com água contaminada por urina de roedores, principalmente rato. Como o tempo de incubação da bactéria pode chegar a duas semanas, o superintendente acredita que outros casos possam aparecer nos próximos dias.

Ele informou que a secretaria está orientando todos os profissionais que atuam nos municípios da região para ficarem atentos ao surgimento dos primeiros sintomas, entre eles febre e dor no corpo.

“O diagnóstico precoce é importante para tratar melhor a doença e evitar os desconfortos. Por isso, estamos sensibilizando toda a rede para iniciar o tratamento logo que os sintomas sejam verificados”, disse, em entrevista à Agência Brasil.

Chieppe destacou que os profissionais de saúde que estão na serra fluminense também orientam a população sobre medidas preventivas, como o uso de galochas e luvas de borracha ou sacos plásticos para evitar o contato direto com a água das inundações.

Ele garantiu que há nos municípios atingidos quantidade suficiente de antibióticos para o tratamento de pacientes com leptospirose, que costuma ser simples, sem a necessidade de isolamento.

O infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmilson Migowski disse que esperava que mais casos da doença já tivessem aparecido. Segundo ele, o fato de a água ter descido das encostas, onde não é comum encontrar os roedores hospedeiros da bactéria responsável pela doença, pode ter contribuído para a menor contaminação.

“Ainda podem surgir mais casos levando-se em consideração o tempo de incubação, mas a geografia da região, diferente, por exemplo, de grandes áreas urbanas mais planas com rede de esgoto que propicia a proliferação de ratos, pode ter ajudado a reduzir a contaminação”, afirmou.

Na semana passada, Migowski organizou uma caravana com profissionais de saúde voluntários ligados à instituição e seguiu para Nova Friburgo para prestar atendimento à população que está nos abrigos. Segundo ele, foram tratados muitos pacientes com dores abdominais e diarreias, problemas também associados ao contato com água contaminada.

Edição: Graça Adjuto