Hemorio bate recorde de doação de sangue e está com capacidade de atendimento esgotada

15/01/2011 - 16h27

Nielmar de Oliveira

Repórter da Agência Brasil

 

Rio de Janeiro - A solidariedade dos cariocas fez com que o Hemorio conseguisse, em apenas quatro dias, volume de sangue suficiente para atender toda a região serrana por duas semanas. Com isso, o Hemorio bateu o recorde histórico de doações, além de esgotar a capacidade do estado para coletar sangue de pessoas que foram até lá para ajudar as vítimas das fortes chuvas e dos deslizamentos de terra nos municípios de Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis e Sumidouro.

 

De quarta-feira (12) até ontem (14), 3.562 voluntários compareceram ao instituto para doar sangue, o que corresponde a um crescimento de mais de 200% em relação ao mês anterior. Durante os últimos dias, o Hemorio esteve lotado de voluntários que desejavam doar sangue às vítimas da tragédia na região serrana.

 

A procura elevada faz com que o tempo médio de espera chegasse até cinco horas. Com isso, enormes filas se formaram dentro do Hemorio, onde centenas de pessoas aguardam pacientemente a sua vez de doar sangue.

 

Muitos doadores tiveram que voltar para suas casas, mas prometem retornar ao Hemorio.. “Por causa do grande número de pessoas na fila e ao estoque elevado, fui orientada a voltar somente daqui a duas semanas. Voltarei sem problema. O importante nesta hora é ter solidariedade para com aqueles que estão vivendo uma esta situação assustadora”, disse Júlia Balbi.

 

De acordo com o chefe da assessoria de comunicação integrada do Hemorio, Marcos Araujo, a banco de sangue está vivendo uma situação inédita.

 

Segundo Araujo, o Hemorio tem capacidade máxima para atender 500 doadores ao dia, mas recebe uma média de 300. Ontem, no entanto, o banco de sangue quebrou o seu próprio recorde, com o comparecimento de 1.248 voluntários. “A última vez que mobilização desta natureza aconteceu foi em 2008, durante a epidemia da dengue, mas o comparecimento não chegou a ser tão intenso.”

 

Hoje de manhã, desde às 7h, havia mais de 300 pessoas na fila no pátio do Hemorio. Ao meio-dia, esse número triplicou. A chefe do serviço de hemoterapia do instituto, Esther Lopes, elogiou os voluntários. “A população mostrou-se solidária. Hoje, como nunca havíamos presenciado na história do Hemorio, podemos dizer que temos sangue suficiente para quinze dias.”

 

Ela lembrou também que o sangue tem prazo de validade para doação. “Daqui a duas semanas, vamos precisar novamente da ajuda dos voluntários, pois a doação de sangue precisa ser contínua. As plaquetas, por exemplo, duram somente cinco dias. Vítimas de leptospirose precisarão de transfusão desse componente e precisamos ter um estoque válido.”

 

Por causa do grande fluxo de doadores, ela pediu aos voluntários que se organizem para ir ao Hemorio nas próximas semanas. A instituição também fez o transporte de doadores para o Hospital Universitário Pedro Ernesto e para o Inca, que também já estão com sua capacidade de armazenamento esgotada.

 

O Hemorio deslocou parte de sua equipe para Nova Friburgo. A unidade móvel de coleta de sangue da instituição foi instalada ao lado do hospital de campanha montado na Praça Central, em frente à Catedral.

 

Edição: João Carlos Rodrigues