Em dez dias, pedidos de remoção de caramujo africano no Rio já superam média mensal

11/01/2011 - 13h09

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O excesso de umidade causado pelas chuvas desta época do ano, somado ao calor típico do verão, favorece a proliferação dos caramujos africanos em diversas áreas do Rio de Janeiro. Somente nos dez primeiros dias do ano, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) recebeu 200 chamados de pessoas que verificaram a incidência do molusco, o que já supera a média mensal de 175 solicitações para remoção dos caramujos.

De acordo com a Comlurb, ao longo de todo o ano passado foram coletados pelas equipes de limpeza 804.686 caramujos, sendo o bairro de Campo Grande, na zona oeste, o que registrou maior número de infestação em 2010: 91.174 unidades coletadas.

De acordo com a malacologista (profissional que estuda os moluscos) e pesquisadora Silvana Thiengo, que trabalha no Instituto Oswaldo Cruz, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a espécie foi trazida para o Brasil há cerca de 30 anos com finalidade comercial, para ser utilizado na culinária em substituição ao escargot. A iniciativa não deu certo e a criação foi abandonada.

Com isso, o caramujo se reproduziu em diversas regiões do país, preocupando as autoridades e a população, principalmente durante os meses de verão. Silvana alerta que o contato com o verme que utiliza o caramujo como hospedeiro pode provocar um tipo de meningite. “É uma meningite mais branda, que raramente leva à morte, mas provoca muito incômodo, como febre e dor de cabeça.”

Segundo a pesquisadora, a concha do animal também pode, após sua morte, acumular água e se transformar num foco de criação do mosquito da dengue. Ela explicou que, para evitar esses problemas, o controle desse caramujo deve ser feito com a catação manual periódica dos animais e sua posterior eliminação.

“Há ocorrência de caramujos africanos em 24 estados do país, além do Distrito Federal, mas na área do litoral e especialmente na Região Sudeste a infestação costuma ser maior. O ideal é fazer a catação sempre com o uso de luvas e mergulhar os animais em um recipiente com uma solução de três partes de água e uma de cloro durante 24 horas. Após esse período, é preciso descartá-lo ensacado no lixo doméstico”, explicou.

De acordo com ela, esse método é o mais seguro e eficaz, mas há ainda a possibilidade de se atear fogo ao molusco após a catação ou ainda de jogar sal sobre ele, o que provoca sua morte por desidratação.

Ela alerta para a necessidade de que a população esteja atenta ao consumo de verduras, frutas ou legumes oriundos de plantações onde haja suspeita da presença de caramujos africanos. Para garantir a limpeza desses alimentos, é preciso mergulhá-los por 30 minutos em uma solução de 1 litro de água com uma colher de sopa de cloro e em seguida lavá-los com água filtrada.

O aposentado Eli de Freitas, morador da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, contou que é comum verificar, especialmente em terrenos baldios da região, a proliferação dos caramujos africanos quando as temperaturas aumentam.

“Por ser perto da praia, essa região é muito úmida e deve facilitar a incidência desses bichos. Todo ano a gente vê nesta época os caramujos aparecendo, principalmente em terrenos abandonados. Em alguns, tem tantos bichos que eles chegam a subir pelos muros e assustam quem mora perto ou passa pelo local. Dá muito nojo”, afirmou.

Para solicitar a retirada dos moluscos, a Comlurb disponibiliza um serviço de teleatendimento, pelo número 2204-9999. A Fiocruz também oferece um telefone para orientar a população sobre como proceder no combate aos caramujos africanos. Neste caso, o número é (21) 2598-4380, ramal 124.

Edição: Juliana Andrade