Governo e políticos espanhóis reagem com cautela a anúncio de cessar-fogo do ETA

10/01/2011 - 19h53

 

BBC Brasil

 

Brasília - O ministro do Interior da Espanha, Alfredo Pérez Rubalcaba, atenuou hoje (10) o anúncio do grupo separatista basco ETA, que informou que vai adotar um cessar-fogo “permanente e verificável”. Autoridades e políticos da Espanha ainda mantêm cautela em relação à iniciativa do

grupo separatista. Para as autoridades espanholas, o anúncio não é “uma má notícia”, mas é insuficiente. Segundo o ministro, o ETA quer cobrar pelo fim da violência.

 

Como Rubalcaba, o ex–primeiro-ministro socialista Felipe González, que em sua etapa de governo negociou com ETA, também classificou o comunicado do ETA como insuficiente. Partidos de oposição na Espanha reagiram da mesma maneira. A deputada do Partido Popular Consuelo

Ordoñez, irmã de um vereador conservador assassinado pelo ETA, chamou

o comunicado de "brincadeira sem graça".

 

"Se me perguntam se hoje estou mais tranquilo do que ontem, responderei que sim. Se me perguntam se isso é o final do ETA, diria que não. E se me perguntam se isso é o que a sociedade basca espera, direi claramente que não", afirmou Rubalcaba,.

 

Para Rubalcaba, o grupo separatista ainda tenta controlar a situação política do país Basco e pensa que pode dar a última palavra sobre a soberania da região. "O ETA tem uma visão distorcida da realidade. Agora se manifesta com a mesma arrogância, a mesma linguagem e a mesma

encenação de sempre", disse.

 

O governo da Espanha rejeitou a oferta da organização armada de permitir uma avaliação de instituições internacionais em relação à trégua. O ministro Rubalcaba advertiu que, num suposto processo de verificação, não aceitaria intervenções estrangeiras. "Num Estado de Direito, quem verifica são as forças de segurança do Estado."

 

Rubalcaba disse que aproveitava para enviar uma mensagem aos membros do ETA e de seu braço político, o partido não legalizado Batasuna – que está tentando obter autorização para participar de eleições regionais do País Basco.

 

"[O partido] não legalizado Batasuna tem duas opções para voltar à vida política: ou ETA deixa a violência de forma irreversível e definitiva ou Batasuna rejeita abertamente sua relação com ETA. Nada disso aconteceu", afirmou o ministro.