Enterro de pintor moçambicano Malangatana Ngwenya terá honras de Estado

07/01/2011 - 13h23

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) - O corpo do pintor moçambicano Malangatana Ngwenya, que morreu na madrugada de quarta-feira (5) em Portugal, será enterrado na capital de Moçambique, Maputo, com honras de Estado. A decisão foi tomada hoje (7), em reunião do Conselho de Ministros. Também foi decretado luto oficial de dois dias a partir da data da chegada do corpo a Moçambique, prevista para a próxima terça-feira (11).

Além de artista plástico de carreira reconhecida no exterior, Malangatana foi deputado entre 1990 e 1994, vereador, e membro do Conselho de Estado. Ele também teve participação destacada na luta de libertação nacional, durante a guerra colonial contra Portugal.

O funeral de Estado começará com uma cerimônia privada na casa que o pintor mantinha no bairro do Aeroporto. Depois, o cortejo seguirá para a sede do Conselho (Prefeitura) Municipal, onde receberá as homenagens da população e da autoridades moçambicanas. Como era vontade de Malangatana, o enterro acontecerá nos jardins da casa onde ele nasceu, em Mavalane, cercanias de Maputo.

Hoje (7), o corpo de Malangatana chegou ao Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, trazido de Matosinhos, região do Porto. O caixão está coberto com a bandeira de Moçambique. A ministra da Cultura Gabriela Canavilhas e o ex-Presidente da República Mário Soares são alguns dos oradores de uma cerimônia oficial de homenagem, que acontece antes da partida do corpo para Moçambique.

Malangatana Valente Ngwenya morreu vítima de câncer. Ele tinha 74 anos e estava internado no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal. Nomeado “Artista da Paz” pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura (Unesco), ficou famoso pelos quadros que fez sobre a guerra colonial em seu país. As pinceladas fortes, de cores vibrantes, que retrataram os moçambicanos com expressividade e sentimento, percorreram o mundo.

Pela sua atuação política, Malangatana passou um ano e meio preso nas instalações da temida e violenta PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), que reprimia os movimentos pró-independência nas então colônias portuguesas.

Edição : Talita Cavalcante