Relações com o Brasil não serão abaladas, mas Itália insistirá na extradição, diz Berlusconi

04/01/2011 - 15h14

Da BBC Brasil

 

Brasília - O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, afirmou hoje (4) que a decisão do governo brasileiro de não extraditar o ex-ativista político Cesare Battisti não vai mudar as relações entre os dois países. Porém, ele reiterou que o governo italiano vai recorrer à Corte de Haia, na Holanda, para tentar a extradição do ex-ativista, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro crimes. De acordo Berlusconi, a relação entre Brasil e Itália é “antiga” e de “sólida amizade”.

 

“O Brasil é um país ao qual somos ligados por uma antiga e sólida amizade”, disse Berlusconi. “Este caso não tem a ver com as relações bilaterais. É um caso de justiça, e nós lutaremos por ela. As relações não mudarão por causa desta situação”, acrescentou.

 

Recentemente, os governos do Brasil e da Itália assinaram um acordo, no valor de 5 bilhões de euros, que envolve desde o fornecimento de naves a mísseis e radares dos italianos para o Brasil. A expectativa é que o assunto seja ratificado pelo Parlamento italiano ainda este mês. A revisão do acordo foi sugerida pelo ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa.

 

Segundo assessores, a tendência é que Berlusconi acate a sugestão de revisão do acordo com o Brasil, como propôs Russa. Além desse acordo, há negociações sobre financiamentos italianos para projetos no Brasil – até mesmo os em nível municipal, como entre as cidades de Modena, na

Itália, e Londrina, no Paraná. As afirmações foram feitas ao final de um encontro de Berlusconi com Alberto Torregiani, filho de uma das vítimas dos crimes atribuídos Battisti, no aeroporto militar de Milão.

 

Torregiani foi um dos autores da carta pública que pede transparência absoluta no caso e cobra do governo italiano informações sobre as medidas a serem adotadas para reverter o veredicto final do caso Battisti. Paraplégico, Torregiani perdeu os movimentos inferiores depois de ser atingido por uma bala perdida durante o tiroteio entre o pai, o joalheiro Pier Luigi Torregiani, e os membros do grupo Proletários Armados pelo Comunismo(PAC), integrado por Battisti.

 

“A história de Alberto Torregiani me comoveu muito. E ele me disse que gostaria de jogar futebol no Milan, que jogava bem e que gostaria de ir para o meu Milan”, afirmou o primeiro-ministro, informando que, no final deste mês, o tema Battisti será discutido em uma reunião da União Europeia, em Bruxelas. Em seguida, Berlusconi acrescentou: “Convidei o senhor Torregiani para participar e conhecer a realidade dos fatos para chegar até a corte de Justiça de Haia”.


Edição: João Carlos Rodrigues