Prédio do INSS é desocupado no centro do Rio

30/08/2010 - 13h18

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - As 60 famílias que ocupavam um prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), desativado há 15 anos, no centro do Rio, foram retiradas hoje (30) em uma operação da subprefeitura para a reintegração da posse do edifício. A ação contou com a participação da Polícia Federal, Polícia Militar e de agentes da Guarda Municipal, mas não houve resistência na desocupação do prédio.

Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, os moradores foram notificados há um mês e agora vão passar por uma triagem em Paciência, na zona oeste do Rio, onde serão avaliados e encaminhados para abrigos da prefeitura.

O subprefeito do centro da cidade, Thiago Barcellos, afirmou que a ação trará mais tranquilidade aos moradores da região. Segundo ele, o imóvel será isolado com patrulhamento constante da Guarda Municipal e Polícia Militar.

“Estamos ordenando um espaço que trazia muitos problemas, ninguém sabia o que as pessoas faziam aí dentro. Elas vão ser encaminhadas para o abrigo, onde serão tomadas as medidas que atendam cada família”, informou Barcellos.

De acordo com o subprefeito, os moradores estavam num lugar inabitável em condições muito precárias: sem água, esgoto, luz, e nenhum tipo de infraestrutura. “Por mais que não seja a casa deles, o abrigo vai ser muito melhor do que o prédio onde estavam.”

O coordenador da Central de Movimentos Populares, Marcelo Braga, reconheceu as condições precárias da ocupação e criticou as políticas municipais em relação à moradia popular.

“Isso reforça a necessidade da organização como um movimento, porque só com ela poderemos resistir a esses ataques que são claramente [uma tentativa] de transformar a cidade num espaço de investimento financeiro”, disse. “O grupo que está no poder pensa a cidade não para a maioria da população, por isso prefere que esse pessoal saia daqui e vá para longe a transformar o prédio em moradia e efetivamente tentar mudar a vida das pessoas. Porque para eles [isso] enfeia a cidade, numa área que é claramente turística”, acrescentou.

Segundo alguns moradores, essa é a terceira desocupação do imóvel. Um dos jovens moradores, que não quis se identificar, está com receio do que possa acontecer com essas pessoas.

“Querem levar a gente para abrigo, lá para Santa Cruz [zona oeste]. Tem gente que garimpa aqui na rua para arrumar dinheiro. Respeitamos os órgãos públicos, mas não estão respeitando o nosso direito de cidadãos.”

O INSS informou em nota que a Gerência Executiva Rio de Janeiro pretende vender o imóvel. A ideia é vendê-lo para um órgão público e, se não houver interessado, leiloá-lo. O valor do imóvel será avaliado pela Caixa Econômica Federal.

Edição: Juliana Andrade