Índios peruanos querem lançar partido político

14/08/2010 - 15h09

 

 

Da Agência Brasil

 

Brasília - Grupos indígenas da Amazônia peruana anunciaram que planejam lançar seu próprio partido político antes das eleições no país, programadas para 2011. Seu líder, Alberto Pizango, 45 anos, disse que quer fazer uma campanha para proteger a floresta e os direitos dos índios dos Andes e do Amazonas. O anúncio ocorre cerca de um ano após esses grupos terem protagonizado um dos maiores levantes indígenas da história recente do Peru.

 

Pizango, que está em liberdade condicional, acusado de liderar o levante, disse que talvez concorra a presidente. Em entrevista coletiva, representantes da Associação Interétnica da Selva Peruana (Aidesep), maior organização de índios amazônicos do país, disseram que seu partido, a Aliança para uma Alternativa para a Humanidade (Aphu), nasce não apenas como uma agremiação política indígena, mas sim com uma agenda nacional. A Aidesep é uma federação que reúne mais de 60 tribos do Amazonas peruano.

 

O líder indígena disse que começou a coletar as assinaturas necessárias para que o grupo seja reconhecido como um partido político e que pretende fazer o registro formal em setembro. Durante o evento, Pizango disse que a Aphu "tenta abraçar todos os cidadãos do Peru que defendem os bosques, a natureza e a vida no planeta Terra". De acordo com a BBC Brasil, o ex-ministro do Interior do Peru Fernando Rospigliosi condenou o lançamento do partido e disse que Pizango "não tem qualquer chance de chegar à Presidência".

 

No ano passado, índios protestaram contra empreendimentos ligados à extração de petróleo no Amazonas. Pizango nega as acusações de ter liderado o movimento, durante o qual tribos bloquearam estradas perto da cidade de Bagua. Mais de 30 pessoas morreram nos confrontos entre índios e policiais. O líder indígena fugiu para a Nicarágua para evitar a prisão, mas retornou ao Peru em maio e está em liberdade condicional. O governo peruano estima que haja 400 mil índios na Amazônia peruana, mas Pizango afirma que eles são em torno de 1 milhão.

 

Edição: João Carlos Rodrigues