Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O bloqueio de R$ 21,8 bilhões no Orçamento Geral da União deste ano não deve interferir nas pressões para o aumento dos juros básicos da economia, afirmam especialistas. De acordo com economistas ouvidos pela Agência Brasil, o corte anunciado hoje (18) pelo Ministério do Planejamento dificilmente terá efeito nas pressões inflacionárias, apesar da diminuição nos gastos do governo.
O economista Fernando Barbosa Filho, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas, afirma que as instituições financeiras já levam em conta o corte no orçamento. Segundo ele, as projeções para a taxa de juros também consideram a meta de superávit primário – economia de recursos para pagar os juros da dívida pública – em 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB).
“O contingenciamento está mais relacionado ao superávit primário que à contenção da inflação. A longo prazo, é bom cortar gastos, mas acho difícil que o efeito chegue à taxa de juros”, avalia o economista.
Assessora do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana Graça diz que a influência do contingenciamento nas taxas de juros é limitada. Para ela, o bloqueio de verbas, na prática, não tem tanta eficácia, porque os recursos contingenciados costumam ser liberados nos últimos meses do ano.
“Os valores bloqueados voltam como restos a pagar nos anos seguintes. Na prática, o contingenciamento resulta numa execução apressada do orçamento e num problema de gestão da máquina pública”, explicou.
Ontem (17), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic, que mede os juros básicos da economia, em 8,75% ao ano, no menor nível da história. A decisão não foi unânime: dos oito diretores do Banco Central, três votaram pelo reajuste de 0,5 ponto percentual.