Culto a Iemanjá no Rio de Janeiro destaca diversidade religiosa e racial

02/02/2010 - 0h50

Riomar Trindade
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Em homenagem ao Dia de Iemanjá, a Mãe D’Água, a comunidade afro-brasileira do Rio realizou hoje (2), às 10h30, uma procissão da Federação dos Blocos Afros e Afoxés do estado (Febarj),da Lapa à Praça XV, no centro. O grupo seguiu para a Baía deGuanabara, onde despachou balaios, que representam os orixás e sãooferecidos à deusa do mar,com flores, sabonetes e perfumes. Rodas com danças e cantosafro-brasileiros também ocorreram, antes de os blocos retornarem para o almoço deconfraternização na Febarj.Segundo a organizadora da atividade,Atanizia D’Oyá, fundadora e presidente da Casa de Cultura Afoxé EstrelaD’Oyá, a festa ocorre há 15 anos com a participação de umbandistas,candomblecistas, capoeiristas, ciganos, o movimento negro esimpatizantes, uma mistura da cultura afro-brasileira. Cândida Celesteda Silva, governadora da Província do Namibe, no sul de Angola, tambémparticipou da atividade e destacou a semelhança cultural entre os doispaíses. “Por meio de acontecimentos, a gente começou essaatividade mostrando a nossa cultura, a religiosidade, a capacidade donegro de realizar algo quando quer. O que você está vendo aqui é umresgate, uma valorização e divulgação da cultura afro-brasileira. Então,hoje em dia no Brasil está mais fácil, porque o negro está sabendo seposicionar e se conduzir muito melhor do que antes”, afirmou Atanizia.Oculto à Iemanjá faz parte da tradição cultural brasileira, sobretudo naBahia, onde são esperadas mais 400 mil pessoas para os festejos emSalvador. Segundo Marcelo do Oxum, coordenador da atividade no Rio,Iemanjá “é a dona de todas as cabeças e orixás, é um culto africano,diz-se que um pescador encontrou sua imagem no fundo do mar”.Marcelodestacou também as dificuldades que ainda ocorrem no país em relação aoculto da religião africana: “Ainda temos muita dificuldade, existemalguns preconceitos, até pela falta de oportunidades de projetos paraos barracões com arte, cultura, dança afro, cânticos, culinária. Faltamuita coisa ainda, veem a religião afro como uma coisa tenebrosa, eesses tabus têm de ser quebrados. Essa manifestações são importantes,como as da intolerância religiosa, para demonstrar o nosso potenciale que somos todos iguais”, afirmou.