Trabalho temporário no carnaval sustenta costureiras, soldadores, artesãos e carpinteiros

30/01/2010 - 23h50

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O galpão abafado no centro da cidade fica ainda mais quente com a chama de maçaricos, pistolas de cola quente e com a correria dos mais de 70 funcionários da Escola de Samba Império Serrano, que se revezam em três turnos a duas semanas para o carnaval. O trabalho de costureiras, soldadores, artesãos e carpinteiros resultará não só numa grande festa, mas também no sustento de famílias o ano inteiro, além de movimentar aeconomia informal.A Império Serrano é um das 12 escolas do Grupo de Acesso 1 que desfilam no circuito oficial do Rio, do qual fazem parte mais 12 escolas do Grupo Especial como a Grande Rio, que tem 300 colaboradores  recebendo por semana entre R$ 500 e R$ 7 mil. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Rio, juntas, as 24 escolas geram cerca de 5 mil empregos entre agosto e fevereiro.É principalmente com a renda gerada entre agosto e fevereiro que muito profissionais do carnaval se sustentam o ano inteiro. Em um barracão, os salários são pagos semanalmente e, dependendo do trabalho, podem ser de R$ 5 mil, como no caso de um pintor de arte. Para quem está estreando ou auxilia um especialista, a quantia varia entre R$ 300 e R$ 400 por semana, sendo que no grupo especial chega a ser mais que o dobro desse valor.Uma das carnavalescas da Império Serrano, Andrea Vieira, formada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conta que vive “exclusivamente” da festa. “Uma parte do ano poupando e tendo novas ideias e a outra com a mão na massa, nos preparativos”. Cenógrafa de formação, há 15 anos trabalha com o carnaval. Atualmente, coordena uma equipe de sete pessoas e recebe cerca de R$ 2 mil por semana, salário conquistado com a experiência.O coordenador do barracão da Império, Fábio França, explica que a maior parte dos empregos gerados na construção de carros alegóricos, fantasias e adereços é informal, temporário. A escola não tem como registrar todos os funcionários e conta com subsídio do governo municipal para pagar os custos da festa, que este ano serão de cerca de R$ 900 mil. Além disso, recebe estagiários de costura e cenografia, de escolas técnicas, para ajudar a reduzir o custo.Para pagar os gastos com os funcionários, França lembra que a escola também conta com  recursos oriundos das alas comerciais, que vendem fantasias para pessoas de fora da comunidade. Um dos responsáveis por uma das alas da Império Serrano é Ilmar de Sá. Ele vende fantasias sob medida e emprega nove pessoas na confecção de roupas, sapatos e adereços. “Cada empregado recebe cerca de R$ 40 por fantasia”, explica. “Como comprei o material, fico com uma parte maior.”A pesquisa do Sebrae, no entanto, não contabiliza os postos de trabalho gerados nas pequenas escolas e bloquinhos que desfilam fantasias e carros alegóricos mais simples nos circuitos da Avenida Rio Branco, no centro, e na Estrada Intendente Magalhães, na zona norte, e são cerca de 80, de acordo com estimativas da Riotur.