Mídias podem se transformar em arma ideológica e política, diz Bernard Cassen

29/01/2010 - 19h01

Paula Laboissière
Enviada Especial
Salvador - O jornalista francêsBernard Cassen criticou hoje (29) os meios de comunicação que deixam delado a informação e se transformam em “arma ideológica epolítica, abandonando toda a fachada do pluralismo”.Ele citou como exemploa atual situação da Venezuela e dos veículos de comunicação do país. “Oitenta por cento das mídias venezuelanas sãoprivadas e em guerra aberta ao governo. Não fazem informação,fazem guerra”, disse o ex-diretor do jornal Le Monde Diplomatique.O jornalista, queparticipou dos debates no Fórum Social Mundial Temático na Bahia,definiu as mídias como atores econômicos da globalização liberal,além de vetores ideológicos das políticas neoliberais. Elelembrou que, apenas na França, 75% dos veículos estão nas mãos detrês grupos. A mesma concentração existe também na Itália, naAlemanha e mesmo no Brasil. “É um fenômeno global”, disse, aoenfatizar que a crítica ao sistema midiático não deve serinterpretada como uma crítica aos jornalistas. “Eles pagam preçosmuito altos – muitos estão desempregados e quem não está, estáassalariado em situações de precariedade, como vítimas dosistema”, completou.Ele defendeu ademocratização da comunicação, por meio do favorecimento a mídiascomunitárias e alternativas, e disse que é preciso “dar poder aosjornalistas”.Cassen destacou a importância do papel da educação para a formaçãode leitores, espectadores e ouvintes críticos. “Nas escolas, [épreciso] oferecer ensinamento crítico sobre as mídias, desmontar adesinformação e a manipulação. Isso tem que ser ensinado, dararmas para não se deixar levar pelas mídias. Os movimentos sociais,por meio de publicações, também têm seu papel na educação paraadultos.”