Acordos de livre comércio e associação entre países mostram novo desenho geopolítico mundial

29/01/2010 - 14h16

Paula Laboissière
Enviada Especial
Salvador - A assinatura de novos acordos de livre comércio e o fortalecimento dogrupo de países formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia e China – o chamado Bric – foram apontados como os dois sinais que mostram um novo cenário que se desenha na estrutura geopolítica mundial, por participantes da mesa Sul-Sul como Alternativa, no Fórum Social Temático da Bahia.O subsecretário-geral daOrganização das Nações Unidas (ONU), Carlos Lopes, lembrou que, no ano1.000, os países do Hemisfério Sul chegaram a representar 82% dapopulação e, sobretudo, da riqueza mundial. Após a Revolução Industrial,entretanto, houve uma troca de cenários. Mas agora, no períodoconsiderado pós-crise econômica, o especialista acredita que haverá arecuperação dos países do Sul liderados pela China.“Os países do Bric vãoassumir a liderança mundial junto aos Estados Unidos em 2050. Não faltamuito tempo para que a China seja o primeiro líder. É a emergência deum novo poder no Sul, com uma camada de aspecto econômico, mas outrascamadas igualmente interessantes”, disse.Ele elogiou, ainda, acriação do G20 – bloco de países ricos e principais países emdesenvolvimento. Para Lopes, o surgimento do grupo era “umanecessidade” já que o G7 e mesmo o G8 já não são capazes de resolverproblemas de origem econômica sem a participação dos emergentes. “Essaé uma ralidade completamente ultrapassada”, destacou.Para oeconomista argentino e professor da Universidade de Buenos Aires, JorgeBeinstein, acordos de livre comércio como o que foi estabelecido noinício deste ano entre a China e outros países asiáticos demonstram aimportância de se apostar na alternativa Sul-Sul. Segundo ele, a medidavai afetar diretamente 1,9 bilhão de pessoas.“Há um fenômeno dedeclínio dos Estados Unidos. Não é uma partição em quatro ou cincopotências. O que presenciamos é a decadência da unipolaridade, umprocesso de despolarização, de aparição de espaços de liberdade e dedesenvolvimento”, analisou Beinstein.