Presidente do Crea do Rio alerta para novas catástrofes por causa das chuvas

27/01/2010 - 16h18

Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea/RJ),Agostinho Guerreiro, disse hoje (27) que o estado sofrerá novascatástrofes provocadas por chuvas. O engenheiro participou de umamesa-redonda no Clube de Engenharia para discutir os deslizamentos deterra que mataram mais de 50 pessoas em Angra dos Reis, no sulfluminense, durante as chuvas do dia 1º de janeiro.“Infelizmente,teremos novas catástrofes. Teremos novas enchentes. Teremos novosdeslizamentos e desabamentos. São desastres anunciados. Mas não estãosendo anunciados aqui, hoje. Eles são anunciados há mais 20, há mais de30 anos, quando técnicos das diversas especialidades já faziamadvertências sérias de um lado e apontavam soluções de outro”, disseGuerreiro.Segundo o engenheiro, as cidades fluminenses foramocupadas por êxodo rural “violentíssimo” e “rápido”, que sobrecarregouos serviços públicos urbanos, como saúde, educação e transportes, mastambém provocou um déficit habitacional grande no estado. Com isso,essas novas famílias passaram a ocupar áreas de risco.“Por mais que essas pessoas possam ter parteda responsabilidade, se elas não têm habitação nem emprego, para ondenós queremos que elas migrem? Elas vão morar onde for possível, com seusfilhos. E, normalmente, elas vão morar nos pontos frágeis da natureza”,disse o engenheiro.Por mais que o êxodo rural tenha sido rápidoe intenso, Guerreiro atribui grande parte da responsabilidade àsautoridades públicas que não lidaram com o problema nos últimos anos. “Esseproblema vem se arrastando há décadas pela irresponsabilidade daspessoas que detêm o poder na mão, ao não fazer cumprir a parte que lhescabe. Desde os municípios, que muitas vezes, de forma eleitoreira,permitem o assentamento dessas pessoas em áreas extremamente perigosas,até os estados e governos federais”, disse.O engenheiro voltoua propor a criação de um órgão estadual para cuidar das encostas doRio, nos moldes da Geo-Rio, empresa de geotecnia municipal carioca. Amesma proposta foi feita pelo presidente do Clube de Engenharia,Francis Bogossian, que diz que muitos municípios não têm condiçõestécnicas de lidar com a tarefa de monitorar e conter encostas.SegundoBogossian, a proposta de criar uma Geo-Rio estadual, ou até mesmofederal, tem mais de cinco anos e surgiu em um seminário emAngra dos Reis. O engenheiro afirma que a proposta chegou a serencaminhada para a então governadora do estado, Rosinha Garotinho, e aoministro das Cidades, Márcio Fortes.