Indústria diz que Selic ajuda a manter investimento, e Força Sindical chama decisão de miopia

27/01/2010 - 19h28

Alana Gandra e Stênio Ribeiro
Repórteres da Agência Brasil
Rio de Janeiro e Brasília - A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter os juros básicos da economia em 8,75% ao ano vai garantir o processo de retomada dos investimentos. Foi o que afirmou hoje (27) o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto.“O cenário de juros estáveis é importante para voltarmos ao nível de investimentos anterior à crise”, disse Monteiro Neto. Ele disse, ainda, que a estabilidade dos juros garante a expansão da produção, a saúde financeira das empresas e a melhoria da infraestrutura do país.Monteiro Neto ressaltou que a decisão também se explica pelo controle da inflação. “O aumento da demanda interna está sendo plenamente atendido pela produção doméstica ou pelas importações, sem causar pressões sobre os preços.”Segundo o presidente da CNI, a utilização da capacidade instalada na indústria vem crescendo gradualmente, acompanhando a retomada da atividade e da demanda interna. Ele acrescentou que o indicador de capacidade instalada está longe do patamar pré-crise e afirmou que o processo de deflação dos produtos industriais é suficiente para cobrir eventuais pressões oriundas de outros setores. Para ele, existe espaço para estimular a produção.O chefe da Divisão de  Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Guilherme Mercês, disse que, mesmo com a manutenção dos juros, o país ainda precisa de medidas complementares que levem ao aumento da competitividade das empresas.Segundo Mercês, essas medidas teriam que priorizar o aperfeiçoamento do sistema tributário e do comércio exterior. “E a contenção dos gastos públicos, para que se abra espaço à retomada da trajetória de queda da taxa Selic.” Ele tem receio de que, com um possível aumento dos gastos, haja uma pressão sobre a demanda, forçando o BC a elevar os  juros mais adiante.Do lado dos trabalhadores, a decisão do Copom não foi bem aceita. O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), criticou a manutenção da Selic. Para ele, a decisão demonstra "miopia econômica" do colegiado de diretores do BC.“Enquanto todos os indicadores sinalizam para o crescimento econômico, inflação sob controle e queda no índice de desemprego, o Copom insiste em impor um forte obstáculo ao desenvolvimento.” Paulinho disse ainda que a manutenção dos juros é “nefasta para o setor produtivo e totalmente insensível para com os consumidores do mercado interno".