Escolha de menina de 7 anos como rainha de bateria da Viradouro gera polêmica

27/01/2010 - 15h56

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A escolha de uma menina de 7 anos para desfilar como rainha de bateria da Escola de Samba Unidos do Viradouro fez com que o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente (CEDCA) enviasse à agremiação ofício exigindo a confirmação formal da presença da menina à frente dos ritimistas.Para o presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, o advogado Carlos Nicodemos, a atividade é imprópria para crianças e adolescentes, que podem sofrer prejuízospsíquicos e físicos. Ele argumenta que o posto de rainha de bateria tem forte apelo sexual, tendo sido já ocupadopor símbolos sexuais como Luma de Oliveira e Juliana Paes.“É direito dacriança e do adolescente participar do carnaval, que éuma manifestação cultural e de lazer. O problema sãoas circunstâncias em que eles participam. Neste caso, trata-sede um posto que, historicamente, tem um apelo sexual altíssimo,além de caráter comercial muito disputado por mulheresque se apresentam de maneira exuberante. Nessas condições,não é conveniente que uma criança participeporque se vulnerabiliza sua integridade física e psíquica”,avaliou.A confirmação exigida pelo CEDCA tem que ser feita até a próxima sexta-feira (29).Caso se confirme a presença da menina à frente da bateria, Nicodemos disse que serãotomadas as “devidas providências”.“Não acho queisso será necessário porque acredito que o bom sensovai prevalecer. Mas se for preciso, poderemos enviar umarepresentação ao Conselho Tutelar e acionar oMinistério Público para que a impeçam dedesfilar”, acrescentou.A Viradouro, escola de samba de Niterói, confirmou,por meio de sua assessoria de imprensa, a escolha da menina J.L.,que é filha do presidente da agremiação, paradesfilar como rainha da bateria. No site da escola, uma nota informaque a decisão de colocar uma menina “linda, pura e delicada”no cargo é “fantástica”. O texto diz, ainda, que, paradesenhar a fantasia que será usada pela menina, foram tomadostodos os cuidados necessários “porque ela não seráuma musa”.“Não podemostransformar uma menina em uma mulher e nem explorar a sensualidade.Será uma fantasia coerente e muito bonita”, explicou, nanota, o carnavalesco da escola Edson Pereira.Em 2003, a escola desamba Beija-Flor de Nilópolis, da Baixada Fluminense, tambémcolocou à frente de sua bateria uma criança. A menina tinha 12 anos. Um anodepois, outra criança, com a mesma idade, assumiu o cargo deprincesa da bateria da Tradição, de Madureira, escolada zona norte do Rio.