Discussão sobre descarte correto de lâmpadas de mercúrio arrasta-se há quase dez anos

27/01/2010 - 13h08

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A definição sobre o descarte correto de lâmpadas de mercúrio estátravada há quase dez anos, e a lei que regulamenta o tema não devesair tão cedo. Desde 2001, o Conselho Nacional do Meio Ambiente(Conama) realiza reuniões, e a expectativa é concluir os trabalhosnos próximos seis meses. O processo, entretanto,é longo e o texto ainda vai precisar passar por uma câmara técnicae por uma assessoria jurídica para então ser votado. “O tempo[gasto até o momento com discussões] deve-se à complexidadee à seriedade do tema. Não é fácil definir um conceito certo decomo fazer o descarte”, argumentou o coordenador do grupo detrabalho, Luiz Henrique Martins. A discussão gira emtorno da responsabilidade da própria cadeia produtora da lâmpada demercúrio, como já acontece na Europa – lá, quem disponibiliza oproduto tem responsabilidade pelo pós-uso das lâmpadas.Oanalista ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama)Gilberto Werneck alerta que as lâmpadas de mercúrio são um resíduoperigoso e que precisa de uma destinação adequada após o uso. Omercúrio, segundo ele, é uma substância cancerígena e nãoexistem níveis toleráveis para o contato com os sereshumanos.“Traços do metal ou a exposição constante podemtrazer sérios riscos não só aos seres humanos, mas para toda acadeia alimentar”, destacou Werneck, referindo-se, por exemplo, aoconsumo humano de peixes que vivem em rios contaminados por mercúrio.De acordo com Werneck, já existem no país iniciativas pararecolhimento e destinação corretos de lâmpadas de mercúrio. Emoutros casos, empresas que fabricam o produto estão armazenando alâmpada usada enquanto aguardam algum tipo de definição sobre odescarte. Mas, na maioria das vezes, o destino final é mesmo o lixocomum.Gerente de Meio Ambiente de uma grande empresaprodutora de lâmpadas de mercúrio, Márcio Quintino diz que o setorse dispõe a buscar um acordo dobre o descarte correto – desde queseja algo sustentável, de longo prazo, e que equilibre a questãoambiental e a financeira.“A solução não é simples. Asempresas querem ter posição ativa nisso, mas, além do meioambiente, é importantíssimo que a questão financeira sejaequacionada”, disse. Quintino lembrou que, no modelo europeu, ocusto do descarte já está embutido no preço da lâmpada e que umaterceira pessoa é responsável pela coordenação dos pontos decoleta, o transporte e o descarte final. Segundo ele, o usodo Led – um diodo emissor de luz que não utiliza o mercúrio parailuminar ambientes – seria outra opção. Nesse caso, o consumo deenergia também cairia e o impacto ambiental do descarte seriapraticamente zero.