Chávez nomeia novo vice-presidente e mais dois ministros durante programa de TV

27/01/2010 - 10h49

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em uma semana de protestos e renúncias de assessores diretos, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ontem (26) por volta da meia-noite ter escolhido o novo vice-presidente da República – o anterior renunciou ao lado da mulher também ministra na última segunda-feira (25). Também foram anunciados os nomes dos ministros da Defesa e do Meio Ambiente. Mas ele não revelou quem comandará o Banco Central – cujo presidente pediu demissão ontem. O escolhido por Chávez para ser o novo vice-presidente da República é o ministro de Agricultura, Terras e Mata, Elias Jaua Milano, que vai acumular a vice-presidência com o atual cargo. Para o Ministério da Defesa foi nomeado o general Juan Carlos Mata Figueroa e para desempenhar a função de ministro do Meio Ambiente foi escolhido Alejandro Hitcher – atual presidente da companhia estatal Hidroven. “Foi uma mudança de timoreiro [em relação ao novo vice-presidente e ao ministro da Defesa] em direção à revolução”, afirmou Chávez, ao anunciar os nomes, durante o programa de televisão La Hojilla, da VTV.Jauan Milano substitui o general Ramón Carrizález, que deixou a vice-presidência e o cargo de ministro da Defesa, anteontem ao alegar razões “estritamente pessoais”. A renúncia de Carrizález foi seguida pela mesma iniciativa da mulher, a ministra do Meio Ambiente, Yubirí Ortega. Ontem (26) o presidente do Banco Central venezuelano, Eugenio Vazques Orellana, também renunciou ao cargo.A série de baixas no governo Chávez gerou um alerta internacional em relação aos acontecimentos políticos na Venezuela. O secretário de estado espanhol para a Ibero-América, Juan Pablo Laiglesia, disse hoje (27) em entrevista coletiva que é necessário observar o “momento de turbulências” pelo qual passa o país.Desde o último domingo, vários protestos são realizados nas principais cidades da Venezuela. Universitários, professores e jornalistas lideram manifestações contra a decisão do governo Chávez de suspender os sinais de seis canais de televisão. Na relação dos canais que tiveram os sinais suspensos, estava a independente RCTV – uma das mais populares do país.Representantes venezuelanos e estrangeiros de vários setores criticaram a iniciativa de Chávez. Para eles, a decisão indica censura. Segundo as autoridades venezuelanas, as emissoras de TV não cumpriam as regras sobre a programação. Porém, os diretores da RCTV disseram que a causa da suspensão do sinal foi a não transmissão da íntegra de um discurso do presidente da República. Indignado com os protestos que já provocaram duas mortes e 11 feridos, Chávez apelou para que a população cesse as manifestações. “O que poderia acontecer, se vão pelo caminho da desestabilização, é contrário ao que vocês querem: que nós decidamos acelerar mais as mudanças”, disse. “Vocês querem que eu aprofunde ainda mais a revolução? Continuem por este caminho.”Segundo Chávez, os que criticam seu governo buscam a desestabilização. “O que é um governo que viola a Constituição. São vocês que estão violando a lei, que não querem reconhecer o Estado", disse.