Fome e sede fazem violência explodir em Porto Príncipe

16/01/2010 - 10h21

Luciana Lima
Enviada especial
Porto Príncipe (Haiti) - Três dias após o terremoto que destruiu a capital haitiana, a sede e a fome empurraram a população para a violência. O dia de ontem (15) foi marcado por inúmeros saques a mercados ou a qualquer lugar onde sepossa encontrar água potável ou comida. Em meio a um cenário desolador,que remete a uma situação de guerra, a população continua nas ruas,pedindo por socorro. A insegurança é total. No centro da cidadea população se enfrenta para buscar comida soterrada pelos escombros desupermercados que ruíram com o terremoto da última terça-feiraque atingiu 7 pontos de magnitude. Gangues começaram a atacar pessoasque estavam nos acampamentos formados em vários pontos descampados epraças de Porto Príncipe. Houve ação militar para segurança naregião portuária, no centro e em Bel-Air, bairro mais destruído peloterremoto, mas não foi suficiente para conter os saques. Um armazém doPrograma Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU)foi saqueado.Na área mais afetada,  Bel-Air, muitos corposainda estão nas ruas, e o trabalho de remoção dos escombros ainda nãocomeçou a ser feito. Há corpos amontoados em vários pontos da capital.Com o passar das horas, o estado de putrefação avança e o mal cheiroaumenta, misturado com a poeira.Na sexta-feira,militares e bombeiros brasileiros conseguiram retirar com vida umaenfermeira de 46 anos, que ficou três dias sob os escombros. Ela passabem agora, depois de ser transferida para a base militar da Minustah(Força de Paz no Haiti). No momento em que os militares passaram pelolocal, o marido dela pediu ajuda e foi ouvido. Ao seaproximarem dos escombros do hospital de três andares onde elatrabalhava, puderam ouvir seus gritos e iniciaram com as mãos a retiraro entulho. O trabalho durou quase três horas até que a enfermeira foiresgatada.