Um balanço necessário

01/01/2010 - 13h16

Paulo Machado
Ouvidor da Agência Brasil
Brasília - Ao encerrarmos mais um ano de trabalho faremos aqui um balanço denossas atividades. Mas não um balanço com números que constam denossos relatórios bimestrais postados ao lado das colunas do Ouvidorna página eletrônica da Ouvidoria na ABr, a partir dos quais osleitores podem tirar suas próprias conclusões sobre a evoluçãodas demandas e das respostas obtidas. Falamos de um balanço politicosobre a existência da ouvidoria de um veiculo público decomunicação e os possíveis resultados em defesa da qualidade dainformação a que o leitor tem direito. É pelos seus olhos atentosque é exercido o principal controle e avaliação crítica do que épublicado.  Pela Ouvidoria passam as manifestaçõesendereçadas à redação que, quando julgadas pertinentes,  sãoencaminhadas aos gestores responsáveis pelos veículos da EBC edevidamente acompanhadas pela Ouvidoria. Mas nem sempre as críticassão bem recebidas e muitas vezes requerem nossa intervenção nosentido de se fazerem ouvidas e devidamente consideradas.  Essatensão, quase permanente, é nosso objeto de trabalho e nossafunção, nem sempre bem compreendida, é de colaborar com apossibilidade da implantação das mudanças reclamadas pelo público.Mudanças às quais as instituições são mais ou menos permeáveisou resistentes, dependendo das características dos seus gestores edo contexto sócio-politico. No caso específico do veículo públicode comunicação, as  mudanças podem e devem advir justamenteda efetividade do controle social sobre sua gestão. A transparênciadas ações e a permeabilidade às críticas, materializada norespeito à opinião dos leitores, contribui para sua legitimaçãocomo fonte de informação para a cidadania.  Nessemomento em que realizamos a primeira Conferência Nacional deComunicação que visou estabelecer os paradigmas para uma novapolítica pública para o setor, o controle social sobre os veículosde comunicação, públicos ou privados, pode ser um mecanismodecisivo para a democratização dos meios e dos conteúdos. Ele podeser uma ferramenta poderosa para mudar a relação do público com amídia, transformando o leitor passivo em cidadão co-participante daação comunicacional.  A instituição da Ouvidoria éum dos principais instrumentos para que o cidadão exerça essecontrole enquanto outros como, por exemplo, os comitês de usuários,não se estabelecem. Ela ajudou a chegarmos até aqui servindo deinstrumento para o diálogo democrático e aos poucos vai seconsolidando. Já a cultura da ouvidoria aindaengatinha,  talvez tão fragilmente quanto nossa recentedemocracia da qual muitos duvidam e que só se estabelecerá com aprática cotidiana da participação, da argumentação e da decisãocoletivas. Por isso, utilizar esses mecanismos, exercer a crítica ereivindicar outros espaços de participação direta nas decisões daadministração pública são atitudes necessárias para que umacultura democrática floresça e dê frutos. Este espaçopúblico que constitui a Coluna do Ouvidor da Agência Brasil temprocurado ser esse laboratório em que diferentes formulas sãotestadas, aprovadas ou reprovadas, pouco importa, desde que ajudem amanter vivo o debate sobre a comunicação que temos e a comunicaçãoà que o público tem direito.   Até a próximasemana.