Mais um secretário citado em esquema de desvio de verbas deixa o governo do DF

02/12/2009 - 18h03

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Acusado de integrar o esquema de desvio e distribuição de recursos públicos à base aliada do governador José Roberto Arruda (DEM), o secretário de Obras e presidente regional do PSDB, Márcio Machado, pediu demissão do cargo esta tarde. A pasta passará a ser comandada pelo atual secretário adjunto, Jaime Alarcão.

Machado é o sexto integrante do governo distrital a se afastar do cargo desde a última sexta-feira (27), quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Caixa de Pandora. Todos são alvo da investigação policial, já que o ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, os acusa de integrar o esquema que seria comandado por Arruda.

No mesmo dia em que a investigação veio a público, Arruda afastou de seus cargos o secretário de Educação, José Luiz Valente; o chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel; o chefe de gabinete da Governadoria, Fábio Simão, e o assessor de imprensa Omézio Pontes.

Ontem (1º), após o PSDB anunciar que deixaria a base de governo, o secretário de Governo, José Humberto Pires apresentou seu pedido de desligamento do cargo. Foi substituído pelo secretário adjunto, Flávio Adalberto Giussani. Já Machado, segundo assessores, teria aguardado para se reunir com o governador esta tarde para explicar que atende à decisão partidária.

Com a saída de Pires e de Machado da estrutura de governo, o PSDB segue apenas com a Secretaria de Fazenda, ocupada por Valdivino Oliveira, e cargos no segundo escalão.

Em depoimento ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Durval Barbosa, afirmou que Machado o teria procurado para negociar o pagamento de R$ 6 milhões para o deputado distrital e presidente regional do Partido Progressista (PP), Benedito Domingos, além de R$ 200 mil para Adalberto Monteiro, presidente local do Partido Republicano Progressista (PRP) e de R$ 100 mil para Divino Omar Nascimento, que comanda o diretório regional do Partido Trabalhista Cristão (PTC). O dinheiro, segundo Barbosa, era entregue em troca do apoio político destes partidos à campanha de Arruda às eleições de 2006.

Ainda segundo Barbosa, Pires seria o homem de confiança de Arruda e um dos responsáveis por receber o dinheiro recolhido por Barbosa, que garante ter entregado pessoalmente a Humberto “lotes de R$ 1 milhão” em pelo menos duas ocasiões, além de ter deixado iguais montantes na empresa do secretário, a Combral, em pelo menos outras duas ocasiões. A Combral foi alvo dos mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).