Estudo mostra investimentos necessários para evitar perdas com mudanças climáticas

25/11/2009 - 4h58

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O estudoEconomia da Mudança do Clima no Brasil: Custos e Oportunidades, que serálançado hoje (25), prevê perdas entre R$ 719 bilhõese R$ 3,6 trilhões até 2050 para a economia por causa das mudanças climáticas. Tambémaponta investimentos que o país pode fazer para evitarprejuízos e os setores em que é possível reduzirexpressivamente as emissões de gases de efeito estufa.

Elaborado por 11 instituições, entre elaso Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a FundaçãoInstituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o estudo lista osinvestimentos necessários para evitar grandes perdaseconômicas com a mudança do clima e calcula que sejamnecessários pelos menos R$ 104 bilhões na agricultura,no setor energético e em ações de gestão e políticas públicas para as zonas costeiras, ameaçadaspela elevação do nível do mar.

Na agricultura, por exemplo, o investimento de R$ 65 milhõespor ano na modificação genética de arroz –para garantir adaptação à mudança doclima – tem um benefício 8,2 vezes maior que o custo. Para asoja, a vantagem é 16,7 vezes maior que o investimento.

A previsão do estudo para o setor elétrico é queserão necessários investimentos de US$ 51bilhões para garantir a instalação de capacidadeextra de geração de energia, já que ashidrelétricas perderão potencial com a diminuiçãoda vazão dos rios, provocada pela redução dechuvas nas regiões Norte e Nordeste. “De preferênciacom geração por gás natural, bagaço decana e energia eólica”, sugere o relatório.

A proteção das zonas costeiras somaria R$ 3,72 bilhõesaté 2050, cerca de R$ 93 milhões por ano.

A conservação da floresta, os biocombustíveis ea taxação de carbono são listados comooportunidades de mitigação das emissõesnacionais de carbono.

A produção de etanol pode evitar o lançamento de187 milhões a 362 milhões de toneladas de gáscarbônico equivalente na atmosfera, de acordo com o estudo. Ataxação do carbono entre US$ 30 e US$ 50 por tonelada(R$ 52 a R$ 86) emitida reduziria as emissões brasileiras entre1,16% e 1,87%, com impacto no Produto Interno Bruto (PIB) de 0,13% e0,08%, respectivamente.

O relatório também aponta a vantagem da reduçãodo desmatamento na Amazônia a partir do pagamento pelamanutenção da floresta em pé. “Um preçomédio de carbono na Amazônia de US$ 3 por tonelada, ouUS$ 450 por hectare, desestimularia entre 70% e 80% a pecuáriana região”, de acordo com o texto.

A pesquisa foi inspirada no Relatório Stern, estudo britânicoque em 2006 calculou o custo da mudança climática em20% do PIB global e apontou a necessidade de investimentos da ordemde 1% das riquezas do planeta para evitar os prejuízos causadopelo clima.