Mortes no trânsito mostram que motoristas não estão preparados para dirigir, diz especialista

11/10/2009 - 12h23

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - No Brasil, paracada morte no trânsito, 11 pessoas são internadas, dasquais 49% atropelados, 25% de acidentados com motos. Para cada morte,ocorrem quase mil colisões, o que evidencia um comportamentode risco por parte do motorista, que está mal preparado paraconduzir ou transportar, disse para a Agência Brasil oortopedista Marcos Musafir. Em 1997, quandohavia 12 milhões de pessoas habilitadas ao uso de veículosa menos no Brasil, 55 mil pessoas eram mortas por ano em funçãode acidentes no trânsito. Esse número baixou para cercade 40 mil óbitos/ano. O custo com as mortes e os feridos notrânsito no Brasil alcança em torno de R$ 10 bilhõespor ano, segundo dados do Ministério das Cidades.Para Musafir,apesar da redução da mortalidade, é precisomelhorar os hospitais, para dar um atendimento melhor àpopulação, e aumentar a fiscalização. Eleé consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para traumas em geral, com destaque para ostraumas músculo-esqueléticos, que abrangem braço,perna e coluna.O médicodisse que a OMS está usando como exemplo no mundo a OperaçãoLei Seca do Rio de Janeiro, realizada diariamente em váriospontos da cidade e que utiliza as vítimas de acidentes detrânsito para a conscientização da população.“Isso tem uma repercussão internacional excepcional. Tambémé um fator que soma para o Etienne [Krug] entender queo Brasil está se esforçando para isso”, disse.Asrecomendações feitas pela OMS para diminuir asconsequências dos acidentes do trânsito sãoconhecidas em todo o mundo. O Brasil já aplica muitas delas,disse Musafir. “São as regras básicas do trânsitoseguro e saudável. Primeiro, respeito às leis dotrânsito. Quem cumpre as leis do trânsito evita se expora riscos e, logicamente, evita acidentes”.Os motoristasdevem estar atentos ao limite de velocidade, respeitar a sinalização,usar cinto de segurança, nunca consumir droga ou bebidaalcoólica para dirigir, manter as crianças no bancotraseiro com cinto de segurança ou em cadeiras próprias.Essas medidasservem para “que você tenha uma redução dosriscos”, afirmou o ortopedista. Em relação àsmotocicletas, Musafir enfatizou a necessidade de todos usarem ocapacete e respeitarem as regras do trânsito. Isso se aplicatambém às bicicletas, cujo uso está sendoincentivado.Disse que omaior número de vítimas são pedestres, queatravessam fora da faixa ou atrás de veículos emmovimento. “O respeito ao pedestre pelo dono da arma, que éo motorista, tem de ser enfatizado também. São essas asrecomendações da OMS que encara o trânsito comoum problema de saúde pública, pelos danos que causa”.Outrapreocupação é promover a saúde dotrânsito, para que os motoristas tenham condiçõesadequadas de dirigir. “Não dirigir com sono, ter iluminaçãocorreta nas vias, sinalização adequada. Tudo issosomado leva a um trânsito mais seguro, como é na Suécia,na Noruega, na Alemanha”. O consultor daOMS destacou, ainda, que em países como a Índia e aChina, o trânsito é extremamente perigoso. Na China, porexemplo, são produzidas 3 mil motocicletas por hora. E onúmero de mortos chega a 500 pessoas por dia. “Então,é um problema mundial. E a recomendação maior daOMS é que os países criem leis e as façamcumprir porque, assim, você teria uma redução dostraumas de trânsito”.Essas questõesserão discutidas no Seminário Internacional de Traumasno Trânsito, que ocorre este mês, no Rio de Janeiro. Oseminário também servirá para mostrar ao diretordo Departamento de Violência da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS), Etienne Krug, que o Brasil estámelhorando os índices de mortalidade e morbidade no trânsito.Os problemas dotrânsito também serão discutidos no encontroministerial que reunirá os 193 países membros daOrganização das Nações Unidas (ONU) emnovembro, em Moscou. No encontro, serão definidas as metas desaúde e segurança no trânsito para a Décadado Trânsito da ONU, que vai de 2010 a 2020. No âmbitoglobal, os acidentes no trânsito causam 1,3 milhão demortos por ano ou uma morte a cada 30 segundos, de acordo com númerosda OMS.