Cimi denuncia incêndio de moradias de Guarani Kaiowá

15/09/2009 - 16h13

Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - OConselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou hoje (15), em nota, quepessoas não identificadas queimaram na noite de ontem (14) cerca de 35casas de índios Guarani Kaiowá,  que formavam a Aldeia LaranjeiraÑanderu, no município de Rio Brilhante, em Mato Grosso do Sul. Asmoradias tinham sido erguidas em parte de uma fazenda reivindicadapelos indígenas como terra tradicionalmente ocupada por seusantepassados. Os indígenas deixaram a aldeia na última sexta-feira(11)  por ordem judicial, mas animais e pertences dos guarani aindaforam queimados, segundo relatos de lideranças reproduzidos pelo Cimi.Os mesmos relatos dão conta de que toda a comunidade passou a noitesem dormir, com medo de novos  ataques.“Toda a intencionalidadevai no sentido de afastar a comunidade da beira da estrada e vê-loslonge de sua terra tradicional”, criticou o coordenador regional doCimi,  Egon Heck.No momento, os cerca de 130  índios da aldeiaestão acampados à beira da BR-163, em frente à Fazenda Santo Antônio deNova Esperança, e pretendem ficar ali até que seja feita a demarcaçãode seu território tradicional. Estudos antropológicos que antecedem oreconhecimento de novas áreas indígenas em Mato Grosso do Sul devem serretomados em breve. A Fundação Nacional do Índio (Funai)  trabalha naelaboração de novas portarias para embasar os procedimentos. A Agência Brasil tentou contactar dois líderes da Aldeia Laranjeira Ñanderu por meio detelefones celulares, mas os aparelhos estavam desligados.Aluta histórica dos indígenas pelo reconhecimento de seu direito aterras tradicionalmente ocupadas em Mato Grosso do Sul foi tema derecente reportagem especial da Agência Brasil,na qual foram abordadas as origens e consequências do quadro fundiáriode extremos que caracteriza o estado. Fazendeiros instalados em terrasprodutivas - quase todos com títulos legais emitidos pela União aolongo do último século - e índios em condição miserável convivem lado alado sob a tensão decorrente da disputa fundiária. Os indígenas alimentam o desejo de regressar às terras que ocupavam antes do processode colonização da região.