Pesquisador do Ipea diz que desigualdades sociais estão "cristalizadas" na educação

14/09/2009 - 14h23

Amanda Cieglinski
Enviada Especial
São Paulo - Asdesigualdades presentes na sociedade estão também “cristalizadas”na educação. Essa foi a avaliação do pesquisador do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Jorge Abrahão durante semináriode avaliação de dois anos do Plano de Desenvolvimento da Educação(PDE), do governo federal. Educadores, representantes de governos eda sociedade civil discutem os avanços e os desafios do programa emseminário promovido pela organização não governamental AçãoEducativa. Lançado em 2007 pelo governo federal, o plano– conhecido como PAC da Educação – é formado por um conjuntode ações que visa a melhorar os indicadores educacionais do paísaté 2022.O economista do Ipea apresentou diversos dados de acesso aoensino que mostram que algumas camadas da população estão sempre“atrasadas” em relação ao restante. Se na área urbana opercentual de analfabetos é de 4,4%, na rural ele sobe para23%.“Há um processo forte de ampliação de acesso àeducação no Brasil nos últimos dez anos em todos os níveis e issonão é trivial de se fazer. Mas as desigualdades internaspermanecem”, destacou o pesquisador. Segundo ele, os principaisfatores que influenciam o sucesso escolar de uma pessoa é a renda, araça e a região onde ela vive – Sul ou Norte do país e áreaurbana ou rural.A secretária de Educação Básica doMinistério da Educação (MEC), Maria do Pilar Lacerda, destacou queé preciso acabar com a ideia de que a qualidade da escola públicapiorou. “Atrapalha esse senso comum de que a escola era boa,aconteceu algo e ela ficou ruim. Ela não era pública porque nãoera para todos. E o que aconteceu foi algo muito bom: a entrada dequase todas as crianças no ensino fundamental, tornando o espaçomais democrático”, defendeu.Na avaliação da secretária,um dos principais acertos do PDE foi trabalhar com os municípios queapresentam baixos resultados no Índice de Desenvolvimento daEducação Básica (Ideb). Essas cidades recebem reforço financeiroe técnico do MEC para desenvolver ações de melhoria da qualidade.Antes, recebiam recursos da União aqueles que apresentavam osmelhores projetos ao ministério. “Enquanto havia municípiomandando proposta para informatizar a educação infantil, outrossequer sabiam o que era educação infantil”, comparou. Outravantagem do plano, na avaliação de Maria do Pilar, é o programaPDE Escola, que permite que a unidade receba financiamentodiretamente do MEC, superando alguns processos burocráticos com assecretarias de Educação.“Em um país desse tamanho nãodá pra trabalhar com receita ou modelo fechado. Precisamos valorizarexperiências que focam a reflexão sobre as práticas da escola e asquestões da aprendizagem”, ponderou.