Crise financeira internacional deve se repetir no médio prazo, diz Ricupero

10/09/2009 - 19h35

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Uma nova crise econômica mundial pode se configurar no médio prazo. A opinião é do embaixador e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, que participou na tarde de hoje (10) de um evento em São Paulo que divulgou os resultados apresentados na última segunda-feira (07) pelo Relatório Anual do Comércio da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).“Não estão tomando as medidas necessárias para prevenir uma repetição no futuro. Há pouca dúvida de que estamos, aos poucos, saindo da crise. Mas como as questões fundamentais que deram origem a esses problemas continuam sem solução, estamos apenas adiando uma próxima crise”, disse Ricupero.Segundo Ricupero, uma preocupação futura, além da falta de regulamentação financeira, são as inovações propostas pelo mercado financeiro. “Como ele (mercado financeiro) não pode mais utilizar as hipotecas podres porque deu esse resultado terrível, estão agora lançando a compra de apólices de vida. Pessoas que tem apólice de vida e não querem mais continuar vendem as apólices e recebem uma determinada quantia. Imagine o problema que isso pode dar no futuro”, exemplificou.  De acordo com o Relatório da Unctad, a recuperação mundial por causa da crise vai ser lenta. Neste ano, a previsão é de que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial vai se reduzir em mais de 2,5%. Nos países da América Latina e do Caribe, o PIB deve se reduzir em torno de 2% em 2009. Segundo o relatório, a crise atingiu todas as economias mundiais e é sem precedentes na história. “São muito escassas as probabilidades de que, nos próximos anos, os países mais desenvolvidos se recuperem com força suficiente para que a economia mundial volte a crescer a um ritmo similar ao de antes da crise”, afirmou, por meio do relatório, o secretário geral da Unctad Supachai Panitchpakdi.A previsão é de que a economia mundial só comece a crescer perto de 1,6% em 2010. Mas isso se os países conseguirem expandir suas políticas monetárias e fiscais.O relatório da Unctad também discute a questão do dólar continuar sendo a principal moeda de troca entre os países e de também se manter como a principal reserva de valor internacional. Outra proposta da Unctad é de se criar um mecanismo de controle que evite variações e desequilíbrios no câmbio mundial. Segundo Renato Baumann, diretor da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), apesar de se questionar o dólar como moeda principal, ainda não se é possível ver uma outra alternativa a essa moeda “no horizonte”. “É muito difícil, da noite para o dia, substituir a principal moeda em curso num momento em que se tem um volume de transações muito alto”, afirmou.