Presidente Lula garante que Brasil não quer integrar cartel do petróleo

02/09/2009 - 20h07

Roberto Maltchik
Repórter da EBC
Brasília - Ementrevista à TV 5, rede pública de televisão da França, opresidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (2) que o Brasil nãopretende ingressar na Opep, cartel formado pelos maiores produtoresde petróleo do mundo, depois que iniciar a exploração do pré-sal.“OBrasil não tem interesse de entrar na Opep. O Brasil não quer serexportador de óleo cru. O que nós queremos é aproveitar o pré-salpara que façamos uma grande indústria petrolífera, uma grandeindústria naval e um grande polo petroquímico”, afirmou.Opresidente descartou ainda o uso do Fundo de Garantia do Tempo deServiço (FGTS) para a compra de novas ações da Petrobras. Disseque o FGTS não deve ser usado, “nem mesmo”, para que acionistasminoritários acompanhem o governo, que fará um aporte de cerca deR$ 50 bilhões para novos investimentos da companhia, visando aexplorar o pré-sal.Aentrevista será transmitida pela TV 5 neste domingo (6), um diaantes da chegada ao Brasil do presidente francês, Nicolas Sarkozy,marcada para segunda-feira (7). A AgênciaBrasil acompanhou aconversa do presidente com os jornalistas franceses.Umdos principais temas do encontro entre Lula e Sarkozy será acolaboração militar. O presidente confirmou que os franceses estãono páreo para vender 36 caças Dassault Rafale à Força AéreaBrasileira, um negócio que pode ultrapassar R$ 5 bilhões.Lularessaltou, no entanto, que vencerá quem repassar tecnologia para oBrasil. “Não podemos comprar um caça que a gente não detenha atecnologia. Até porque sonhamos em produzir partes desse avião”,disse, numa clara referência à Embraer.Sobrea crise internacional, o presidente fez um alerta aos países ricos,que registraram nos últimos dias números otimistas na economia.Disse que teme um retrocesso no esforço para mudar as regras doFundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird).Oque eu não quero que aconteça é que, se a crise diminuir, aspessoas se acomodem e deixem tudo como está. Precisamos aproveitar acrise para mudar a lógica da economia mundial”, advertiu.Opresidente encerrou a entrevista em clima de bom humor. Quando osfranceses perguntaram sobre as chances de o país finalmente sediar osJogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, em 2016, respondeu: “Pelaprimeira vez, o Brasil está preparado para ganhar. Espero contar como voto dos franceses, dos alemães e até conto com a compreensãodo rei da Espanha”.