Pará registra quase dez vezes mais casos de gripe suína que o Amazonas

05/08/2009 - 7h25

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O número decasos confirmados de influenza A (H1N1) - gripe suína no Pará chega a 49, de acordo coma coordenação estadual de Vigilância em Saúde.O estado lidera a lista de ocorrências da doença na Região Norte. O segundo colocado nessa relação, o Amazonas, confirmou a ocorrência de seiscasos. A disparidade entre os números chama a atenção.Isso porque, além de estarem localizados na mesma regiãogeográfica, Pará e Amazonas têm muitas semelhanças em relação às condições climáticas eaos hábitos da população, além defluxo intenso de trânsito de pessoas entre seus territórios.Os dois estados são, em termos de desenvolvimento e decontingente populacional, os maiores da Amazônia.Naavaliação do diretor de imprensa e assuntos sociais doSindicato dos Médicos do Pará, Luiz Sena, a disparidadeentre a ocorrência da doença nesses estados pode estarrelacionada à insuficiência de orientação,em particular nos aeroportos do Pará. Para ele, aoreforçar as informações sobre o problema nasociedade, evita-se que infectados deixem de procurar ajuda médicanecessária e precocemente. Além disso, Sena lembrou que o Pará tem apenas um hospital de referência paraatendimento de casos da doença - o UniversitárioJoão de Barros Barreto -, sejam eles de nível moderadoou avançado.“Só na regiãometropolitana de Belém vivem mais de 3 milhões depessoas. Não é possível que apenas um hospital,que atende a todo tipo de caso de gripe, tenha condiçõesde garantir a qualidade desejada ao atendimento”, afirmou.De acordo com a coordenadora de Vigilância emSaúde do Pará, Ana Helfer, todos os casos confirmadosno estado relacionam-se a pacientes que estiveram nos Estados Unidos,na Argentina, no Chile e em outras regiões brasileiras, sobretudo emSanta Catarina e São Paulo. Atualmente a Vigilância emSaúde do Pará acompanha 95 casos. “A grandemaioria desses casos teve manifestação de leve amoderada, que evoluiu muito bem narecuperação. Não temos nenhuma ocorrênciade caso grave”, informou Ana Helfer.Para o infectologista e membro do ComitêEstadual de Prevenção e Controle da Influenza A noAmazonas, Marcelo Cordeiro, a diferença entre o númerode casos entre os dois estados está relacionada ao acesso aesses territórios. Ele disse que, apesar doíndice elevado de casos confirmados, a região, de modogeral, não deve perder o foco principal de atençãoque não é mais ter casos da gripe e simter doentes graves.“O acesso ao Amazonas estápraticamente limitado a vias aéreas ou fluviais. No Pará,entram também as rodovias, que permitem uma circulaçãobem maior de pessoas, incluindo caminhoneiros que cruzam todo o paíspara a distribuição de cargas.Possivelmente esse é o fator que causa a diferença”, acrescentou. No Amazonas, o controle da doença estásendo feito por um comitêestadual. O grupo inclui profissionais de saúde que atuam nasredes municipal, estadual e privada, além de membros do MinistérioPúblico. O comitê foi instalado no dia 26 deabril e, desde então, promove também açõesem portos e aeroportos para repassar informações aos passageiros. Odiretor da Fundação em Vigilância em Saúdeno Amazonas, Evandro Melo, afirmou  que as condiçõesgeográficas neste momento também ajudam o Amazonas a ter menor incidência da doença. Ele observou queo estado garante a ampliação do atendimento aopriorizar a hierarquização dos casos (casosmoderados em unidades básicas e graves nas unidades dereferência).“O Amazonas tem menos portas de entradaque o Pará. Isso ajuda na eficácia das açõesem território amazonense e dificulta a chegada do víruspor aqui. Agora estamos focados na preparação da redede saúde para evitar óbitos por causa do problema”,finalizou.