Ministério da Saúde divulga tira-dúvidas sobre gripe suína

23/07/2009 - 15h53

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - OMinistério da Saúde elaborou um guia que responde àsprincipais dúvidas dos brasileiros sobre o vírus Influenza A (H1N1), causador da gripe suína. As perguntas vãodesde a previsão de produção da vacina no Brasilaté os critérios de distribuição domedicamento para o tratamento da doença. Quem tiver outraspergunta pode ligar para o Disque Saúde (0800 61 1997). As informaçõesabaixo foram elaboradas pelo ministério. 1- Qual a diferença entre a gripe comum e a influenza A (H1N1)?Elas sãocausadas por diferentes subtipos do vírus Influenza. Ossintomas são muito parecidos e se confundem: febre repentina,tosse, dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulaçõese coriza. Por isso, não importa, neste momento, saber se o quese tem é gripe comum ou a nova gripe. A orientaçãoé, ao ter alguns desses sintomas, procure seu médico ouvá a um posto de saúde. É importante frisar que,na gripe comum, a maioria dos casos apresenta quadro clínicoleve e quase 100% evoluem para a cura. Isso também ocorre nanova gripe. Em ambos os casos, o total de pessoas que morrem apóscontraírem o vírus em todo o mundo é, em média,de 0,5%. 2- Existe transmissão sustentada do vírus da Influenza A(H1N1) no Brasil? Desde 24 de abril,data do primeiro alerta dado pela Organização Mundialda Saúde (OMS) sobre o surgimento da nova doença, atéo dia 15 de julho, o Ministério da Saúde sóhavia registrado casos no país de pessoas que tinham contraídoa doença no exterior ou pego de quem esteve fora. No dia 16 dejulho, o Ministério da Saúde recebeu a notificaçãodo primeiro caso de transmissão da influenza A (H1N1) noBrasil sem esse tipo de vínculo. Trata-se de paciente do estado de São Paulo, que morreu no último dia 30 dejunho. Esse caso deu a primeira evidência de que o novo vírusestá em circulação no territórionacional. Todas as estratégias que o Ministério da Saúde deveria adotar numasituação como esta já foram tomadas háquase três semanas. O Brasil se antecipou. A atualizaçãoconstante das ações contra a nova gripe permitiu que,neste momento, toda a rede de saúde esteja integrada paramanter e reforçar as medidas de atenção àpopulação.3- Por que o Rio Grande do Sul registra tantos casos da influenza A(H1N1)? Todosos anos, o Brasil registra ocorrências de casos graves e óbitospor gripe e doenças associadas, como pneumonia, em todas asregiões. Neste período do ano, que é inverno,sempre há maior ocorrência desses casos, em especial noRio Grande do Sul e nos outros estados do Sul e Sudeste. Isso porque eles têmo inverno mais rigoroso e mais prolongado. Além disso, no casoespecifico da influenza A (H1N1), há países com maiornúmero de casos que fazem fronteira com o Rio Grande do Sul,como é o caso da Argentina. A disseminação dadoença aumenta e não é indicado controlar ofluxo de pessoas na fronteira, pois isso não tem efeito nadisseminação da doença.4- Como eu posso me prevenir da doença? Algunscuidados básicos de higiene podem ser tomados, como: lavar bemas mãos frequentemente com água e sabão, evitartocar os olhos, boca e nariz após contato com superfícies,não compartilhar objetos de uso pessoal e cobrir a boca e onariz com lenço descartável ao tossir ou espirrar.5- Quando eu devo procurar um médico?Sevocê tiver sintomas como febre repentina, tosse, dor de cabeça,dores musculares, dores nas articulações e coriza,procure um médico ou um serviço de saúde, comojá se faz com a gripe comum. 6- O que fazer em caso de surgimento de sintomas? Qualquerpessoa que apresente sintomas de gripe deve procurar seu médicode confiança ou o serviço de saúde mais próximopara receber o tratamento adequado. Nos casos de agravamento ou depessoas que façam parte do grupo de risco, os pacientes serãoencaminhados a um dos 68 hospitais de referência. 7- Quem está no grupo de risco?Ogrupo de risco é composto por idosos, crianças menoresde dois anos, gestantes, pessoas com diabetes, doençacardíaca, pulmonar ou renal crônica, deficiênciaimunológica (como pacientes com câncer, em tratamentopara Aids), pessoas com obesidade mórbida e também comdoenças provocadas por alterações dahemoglobina, como anemia falciforme.8- Os hospitais estão preparados para atender pacientes com a influenza A (H1N1)? Atualmente,o Brasil tem 68 hospitais de referência para tratamento depacientes graves infectados pelo novo vírus. Nessas unidades,existem 900 leitos com isolamento adequado para atender os casos quenecessitem de internação. Todos os outros hospitaisestão preparados para receber pacientes com sintomas leves degripe. 9 - O Brasil temmedicamento suficiente para enfrentar a influenza A (H1N1)?Sim.O Ministério da Saúde tem medicamento suficiente paraenfrentar a pandemia de influenza A (H1N1). O Ministério da Saúde tem um estoque de 9milhões de tratamentos em pó. Eles foram adquiridos em2005, época de uma possível epidemia de gripe aviária.Além disso, na terça-feira (21 de julho), o governofederal recebeu mais 50 mil tratamentos. Desses, 15 mil vãopara o Rio Grande do Sul, estado entre os mais afetados pela doença.Outros estados com maior número de casos tambémreceberam quantidade adicional de tratamento. Até o fim dejulho, o ministério vai receber mais 150 mil tratamentos. Nas próximassemanas, será um milhão a mais de medicamentosdisponíveis, além do que está estocado em pó.O ministério esclarece que o estoque de remédios estáde acordo com as recomendações da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS).10- Como é realizada a distribuição domedicamento?Adistribuição dos medicamentos é centralizada. OMinistério da Saúde envia os remédios aosestados, respondendo às solicitações dassecretarias estaduais de Saúde. Cabe a elas não sóindicar as unidades de referência no atendimento da nova gripe,como também ampliar o número de unidades pararealização do tratamento. Outras unidades podem serindicadas para atender os casos e usar o antiviral. 11- Quais os critérios de utilização para domedicamento fosfato de oseltamivir? Apenas os pacientescom agravamento do estado de saúde nas primeiras 48 horas,desde o início dos sintomas, e as pessoas com maior risco deapresentar quadro clínico grave serão medicados com ofosfato de oseltamivir. Os demais terão os sintomas tratadosde acordo com indicação médica. O objetivo éevitar o uso desnecessário e uma possível resistênciaao medicamento, assim como já foi registrado no Reino Unido,Japão e Hong Kong. É importante lembrar, também,que todas as pessoas que compõem o grupo de risco paracomplicações de influenza requerem avaliaçãoe monitoramento clínico constante de seu médico, paraindicação ou não de tratamento com o fosfato deoseltamivir. 12- Grávidas podem tomar fosfato de oseltamivir?Nãohá registros de efeitos negativos do uso do fosfato deoseltamivir em mulheres grávidas e em fetos. No entanto, comomedida de precaução e conforme orientaçãodo fabricante, esse medicamento só deve ser tomado durante agravidez se o seu benefício justificar o risco. Essa decisãodeve ser tomada de acordo com indicação médica.13- Por que o exame laboratorial parou de ser realizado em todos oscasos suspeitos? Essamudança ocorreu porque um percentual significativo - mais de70% - das amostras de casos suspeitos analisadas em laboratóriosde referência, antes dessa mudança, não era danova gripe, mas de outros vírus respiratórios, ou nãoera de nenhum vírus. Com o aumento do número de casosno país, a prioridade do sistema público de saúdeé detectar e tratar com a máxima agilidade os casosgraves e evitar mortes. 14- Haverá cadastramento de novos laboratórios pararealização de exames de diagnóstico?Atualmente,três laboratórios de referência fazem o exame dediagnóstico da influenza A (H1N1) no Brasil: FundaçãoOswaldo Cruz (Fiocruz/RJ), Instituto Evandro Chagas (IEC/PA) eInstituto Adolf Lutz (SP). Há a possibilidade, agora, decredenciamento de Laboratórios Centrais (Lacens) paracentralizar a realização desses exames nos estados,além dos três laboratórios de referência.Isso já está em curso para os estados do Rio Grande doSul, Paraná e Minas Gerais, mas ainda não hádata definida para essa habilitação.15- Qual é a previsão de produção da vacinacontra a influenza A (H1N1) no Brasil?OInstituto Butantan, ligado à Secretaria de Saúde doGoverno do Estado de São Paulo, é responsável noBrasil por desenvolver as vacinas contra a gripe comum (sazonal) eestará à frente também do desenvolvimento dagripe contra a influenza A (H1N1). A vacina a ser produzida no Brasilestará disponível no próximo ano. Além dedesenvolver a vacina, o Ministério da Saúde avaliará, no Butantan, anecessidade de comprar vacinas prontas de outros fabricantes.