Nova droga abre perspectivas para o tratamento do câncer no país, diz hepatologista

14/07/2009 - 10h31

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O oncologista e professor daUniversidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fábio Marinho, acreditaque o tosilato de sorafenibe medicamento liberado no país para otratamento do câncer de fígado dá mais tempo de vida ao pacientedesenganado e ao mesmo tempo melhor qualidade de vida, porque é umadroga que não provoca muitos efeitos colaterais.“Mas é preciso lembrar que não éum tratamento curativo, mas sim um tratamento que prolonga a vida dopaciente com câncer de fígado em estado avançado. Nesses casos, anova droga vai apenas prolongar a vida do paciente”, disse àAgência Brasil.Segundo o médico, a droga já éusada em cerca de 60 países em todo o mundo, principalmente naregião do Pacifico da Ásia. Ele acredita que o medicamento veiopara modificar a história do tratamento de câncer no país.“Essa droga abre uma avenida e criaum novo perfil no tratamento desses pacientes. De forma maisespecífica do que a quimioterapia sistemática, que tem váriosefeitos colaterais, porque não age somente nas célulascancerígenas, mas também nas que tem funções normais noorganismo, como por exemplo as do cabelo e que, por isto mesmo,provocam a sua queda”.Eleexplicou que, como o câncer de fígado é um dos mais letais, setratado com a nova droga, o paciente diagnosticado precocemente podeter maior possibilidade de cura, que se dá, principalmente, com otransplante.“Mas nem todo paciente é candidatoao transplante. Se a doença está em estágio mais avançado, vocêficaria sem muita alternativa”.Segundo o médico, para que umtransplante de fígado tenha sucesso o paciente só um nódulo de nomáximo cinco centímetros, ou três pequenos de três centímetros.“Mas se ele já está com a doença avançada, não cabe maistransplante. Aí já é outra terapia. E é aí que entra o tosilatode sorafenide: com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor”.Para ele, no entanto, a principalvantagem do novo medicamento é para os pacientes com tumores maisavançados, onde não existe mais tratamento curativo.“Todos os [portadoresde] tumores sólidos, como nós chamamos adoença, têm uma sobrevida muito curta. Então quando você fala deum ou dois meses a mais de sobrevida, isto já é bastantesignificativo do ponto de vista epidemiológico”.Segundo o médico, isso pode nãosignificar muito para quem não tem a doença, mas quando se comparaessa droga com outras diferentes, para tumores diferentes, essa é aque dá mais sobrevida.“Mas é preciso lembrar que noscasos de cânceres muito avançados essa droga vai apenas prolongar avida. Dar mais tempo de vida ao paciente, com a vantagem de melhorqualidade de vida, já que essa droga não tem muitos efeitoscolaterais”.