AGU vai pedir que Justiça ouça major Curió sobre guerrilha no Araguaia

09/07/2009 - 19h37

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O major SebastiãoCurió Rodrigues de Moura que, em recente entrevista, apresentoudocumentos e disse que o Exército executou 41 pessoas durante a Guerrilha do Araguaia, poderá ser chamado para depor na Justiça.O ministro da Defesa, Nelson Jobim pediu que a Advocacia-Geral daUnião (AGU) solicite à 1ª Vara da Justiça Federal no DistritoFederal para tomar o depoimento do major.“Eu tinha duasalternativas: convidar o major Curió para ir ao Ministério da Defesa econseguir informações ou solicitar que a AGU pedisse a audiênciadele em juízo. A AGU está providenciando requerimento àjuíza da execução para tomar o depoimento do major Curió. Se, nodepoimento, ele fizer referência aos documentos, ela solicitaráesses documentos”, explicou o ministro, em audiência pública hoje(9) na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.A entrevista do majorCurió foi concedida ao jornal O Estado de S. Paulo. Depoisdisso, ele não atendeu ao convite da Comissão de Direitos Humanosda Câmara para falar sobre o assunto em audiência pública.Jobim disse ainda queoutros militares que atuaram na época da guerrilha já se mostraram dispostos a falar e que eles também poderão serchamados encaminhados para depoimento em juízo.Atualmente, oMinistério da Defesa comanda uma ação no Araguaia com o objetivode cumprir uma sentença na qual a União foi condenada a realizar,em 120 dias, as buscas dos corpos e do que realmente ocorreu noAraguaia. A primeira fase, que foi a criação do grupo, já foiconcluída. A segunda fase, que é de levantamento de informações,está sendo realizada nos locais levantados. Hoje, o grupo seencontra na cidade de Marabá, no Pará, onde faz o reconhecimento de pontos nasproximidades do município.No sábado (11), a equipe seguirá para São Domingos do Araguaia onde permanecerá atéa próxima quarta-feira (15). Até o final do mês, os técnicos ainda pretendemlevantar informações em São Geraldo do Araguaia e Xambioá,município em cujo cemitério já foram resgatadas 12 ossadas. Duasdessas ossadas já foram identificadas como pertencentes aguerrilheiros.Passada essa fase delevantamento, em meados de agosto o grupo dará início àsescavações com o objetivo de procurar ossadas de desaparecidos daguerrilha. O ministério espera dar início à quarta e última faseem novembro. Essa fase será dedicada a análises laboratoriaispara identificação das ossadas encontradas.Organizada pelo PCdoB na década de 70, a Guerrilha do Araguaia foi umasérie de ações de resistência ao regime militar ocorridas emlocalidades próximas ao Rio Araguaia, na divisa entre osatuais estados do Pará, Maranhão e Tocantins (então, ainda parte doestado de Goiás). Pelo menos 58 militantes do partido desapareceram eseus corpos nunca foram localizados.