Professores e funcionários da USP encerram greve de 57 dias

01/07/2009 - 16h09

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Depois de uma greveque durou 57 dias, professores e funcionários da Universidade de SãoPaulo (USP) voltaram a trabalhar hoje (1º). Por uma diferença detrês votos, os estudantes decidiram, no entanto, continuar com agreve. Segundo um dos representantes do Diretório Centraldos Estudantes da USP, Gabriel Casoni, 150 alunos votaram pelacontinuidade da greve e 147 foram contra. “A maioria decidiucontinuar, por considerar que não tínhamos conquistado asreivindicações necessárias”, disse Casoni. Nas próximassemanas, os cursos devem realizar assembleias separadamente e, no dia14 deste mês, haverá assembleia geral pata decidir os rumos daparalisação.De acordo com nota da Associação dos Docentesda USP (Adusp), na assembleia de ontem (30), que decidiu o fim daparalisação, os professores aprovaram uma agenda de mobilizaçãopara o segundo semestre, incluindo eleições para reitor e suspensãode processos contra funcionários e estudantes. Eles pretendem tambémmanter a oposição ao projeto de educação a distância da USP(Univesp) e a luta contra a reforma da carreira de docente, aprovadapelo Conselho Universitário. Os professores devem ainda retomar asreivindicações salariais no segundo semestre e repor as aulas quenão foram dadas no período da greve.Comunicado emitido pela reitoria da USP afirma queo fim da paralisação é resultado de acordo entre as comissões denegociação da reitoria e de greve dos servidores técnicos eadministrativos da universidade. O acordo, diz a nota da reitoria,atende à pauta específica de reivindicações dos funcionários,com “reajuste nos benefícios oferecidos pela instituição,criação do auxílio-educação especial, destinado a portadores denecessidades especiais", e criação de uma comissão derepresentantes da reitoria e dos servidores para tratar de temasrelacionados à área de saúde. Esse acordo prevê a reposição dos dias paradospor meio de trabalho-atividade, sem que os dias sejam descontados. Osfuncionários tiveram aumento de 6,05%, mesmo valor negociado emmaio. Segundo a reitoria da USP, o aumento pedido pelos grevistas erainviável, porque comprometeria mais de 90% do orçamento das trêsuniversidades federais paulistas, o que impediria investimentos emoutras áreas. Atualmente a folha de pagamento representa mais de 80%do orçamento. O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP(Sintusp), Aníbal Cavali, disse que os funcionários optaram pelofim da greve por acreditarem que o movimento já não tinha a mesmaparticipação e por considerarem que parte das reivindicações foiatendida. Segundo ele, a reitoria concordou em elaborar novo plano decargos e salários, com a participação dos funcionários noprocesso, já que o que foi feito pela reitoria não atendia aosinteresses dos trabalhadores, que pediam alteração na nomenclaturade algumas funções e que não fossem punidos os que participaram dagreve. “Além disso, tivemos aumento de 15% novale-refeição, 25% no vale-alimentação, aumento no auxílio-creche e o auxílio-educação especial”, acrescentou Cavali. Os funcionários pediam reajuste de 16% e areadmissão de um sindicalista demitido por justa causa, o quedepende de decisão da Justiça.