Plano elevou a renda do trabalhador brasileiro e reduziu a informalidade

01/07/2009 - 9h15

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O controle da inflaçãoe a melhora da qualidade do emprego, registrados a partir daimplementação do Plano Real, em 1994, acabaram afetando orendimento do cidadão brasileiro de maneira positiva.A análise foi feita àAgência Brasil pelo gerente da Pesquisa Mensal de Emprego(PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),Cimar Azeredo. Ele lembrou que no primeiro ano do plano 29,7% daspessoas trabalhavam com carteira assinada e esse número chegava a 35,7% em 2007, quando foi divulgada a última Pesquisa Nacional porAmostra de Domicílio (Pnad).“Então, você temuma melhora na qualidade do emprego, ou seja, mais pessoastrabalhando com carteira, uma redução considerável no percentualde pessoas voltadas para a informalidade”. Em 1995, cerca de 22,5%da população trabalhavam por conta própria. Em 2007, esse númerocaiu para 20%.Azeredo reiterou que,desde o seu lançamento, o Plano Real teve uma mudança direta noprocesso de melhora da qualidade do emprego e também dedesconcentração do rendimento. Em consequência, o índice de Gini(que mede o grau de distribuição da renda) vem apresentando quedano país, embora ainda não na proporção desejada.Segundo Azeredo, oBrasil apresenta uma concentração de renda ainda “muitoperversa”. “A concentração de renda é uma mazela na históriado país”. Ele enfatizou, porém, a necessidade de se reconhecerque, desde o lançamento do real, tem havido desconcentração darenda, com aumento da qualidade no emprego e redução dainformalidade.Apesar da retraçãodos últimos meses no mercado de trabalho em função da à crise,Azeredo afirmou que os reflexos do Plano Real ao longo do tempo têmsido positivos, “em função de ele ter movimentado a economia deforma positiva. Não estamos imunes à crise mas, pelo menos, nãoestamos sentindo fortemente os efeitos dela, por enquanto”.Ele lembrou que narecessão de 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silvaassumiu o poder, o país experimentou queda no rendimento dotrabalhador e aumento da informalidade. A partir do segundo semestrede 2004, porém, houve melhora no mercado de trabalho nacional,inclusive com ganho real no rendimento da população. “Você temtrês pontos de alta no rendimento, onde se poderia considerar que jáestaríamos em um processo de ganho e não só de recomposição daperda”.Na análise por região,se observa que a renda do trabalhador permanece baixa no Nordeste, oque pode ser explicado com a própria estrutura do mercado detrabalho na região, disse o gerente da PME. Segundo ele, hápredominância do comércio e a informalidade é elevada.Azeredo afirmou que noNordeste, todo o arranjo estrutural tem que ser modificado, para nãoafetar o rendimento. “A própria escolaridade, o perfil do mercadode trabalho dão essa configuração, diferente das outras regiões”.Destacou, também, queos programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família, porexemplo, têm contribuído para aumentar a renda do trabalhadorbrasileiro, principalmente das classes mais carentes.Os programas sociaisdão, na verdade, poder de compra aos trabalhadores, afirmou. “Apopulação que antes fazia um trabalho de empreitada por contaprópria, por qualquer preço, hoje tem o poder de escolha. [Osprogramas sociais] deram poder de negociação e de barganha, aessa população de baixa renda [que acabou tendo rendimentos maisaltos]”.