Karina Cardoso
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - OMinistério Público Federal (MPF) ajuizou ações contra 20 fazendas e 13frigoríficos por causarem devastação da Floresta Amazônica por meioda pecuária. Além disso, 69 empresas que comercializam os subprodutosbovinos dos frigoríficos receberam notificações para que parem derevender esses itens.A área de pasto das20 fazendas que criam gado de forma ilegal é responsável pelodesmatamento de 157 mil hectares de terra da Amazônia, de acordo com oMinistério Público Federal. O tamanho da devastação corresponde àcidade de São Paulo. O procurador do Ministério Público Federal no Pará, Daniel Avelino, afirma que as fazendas vão ter que reparar o dano ambiental.“Asfazendas têm que retirar o gado da área, efetuar o reflorestamento detodo dano causado e pagar as indenizações propostas na ação.”O valor de todas as indenizações ultrapassa R$ 2 bilhões.Segundoo procurador, os frigoríficos poderão continuar funcionando, desde queparem de comprar o gado das fazendas ilegais. Já as empresas quecomercializam os subprodutos bovinos dos frigoríficos, também vão ter que se enquadrar às novas regras.“Vão ter que parar de comprar de infratores ambientais. Senão serão responsabilizadas pelos danos que venham a ocorrer. E vão ter que informar no produto a origem dele para que o consumidor possa ter a opção de escolher, se ele quer ou não adquirir aquele produto conveniente de desmatamento na Amazônia.”Olevantamento das fazendas, dos frigoríficos e das empresas responsáveis pelodesmate foi feito pelo Ministério Público Federal e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Osórgãos se basearam em estudos realizados por diferentes organizações,como Greenpeace e Amigos da Terra.O estudo da Amigos da Terra,por exemplo, mostra que a Amazônia se tornou grande produtora de carnepor causa dos altos investimentos aplicados na região. E de acordo como estudo esses investimentos são financiados com recursos públicos.OBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que só sãoconcedidos financiamentos àquelas empresas que estão dentro dasexigências das leis ambientais.Entre os frigoríficos citadospelo Ministério Público está um dos maiores do Brasil, o Bertin S.A,que comprou gado de fazendas multadas pelo Ibama e de uma fazenda quefica dentro de uma reserva indígena.Por meio de nota, a Bertin afirmou que possui um programa de comprade gado que leva em consideração os critérios socioambientais dosfornecedores.A empresa Bertin tem como principal fornecedor a Agropecuária Santa Bárbara, que foi citada na ação por possuir novefazendas irregulares.