Governistas condicionam início dos trabalhos da CPI da Petrobras a cargo na CPI das ONGs

02/06/2009 - 16h50

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depois de obstruir o início das atividades da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, ao deixar de indicar os nomes para o comando da comissão, a base do governo condiciona, agora, a instalação dos trabalhos à devolução da relatoria da CPI do Senado que investiga denúncias de irregularidades nos repasses de recursos públicos ao terceiro setor (CPI das ONGs). Ainda hoje (2), o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentará uma questão de ordem em plenário neste sentido.As informações são do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), que passou toda a manhã analisando a divisão, com o PMDB, dos cargos de direção da CPI da Petrobras. A base aliada ao governo tem oito dos 11 senadores titulares da comissão. “Nós vamos aguardar a definição da questão de ordem e, assim que for resolvido, daremos quórum e instalaremos os trabalhos da CPI”, afirmou Mercadante, que quer que a relatoria da CPI das ONGs seja devolvida a Inácio Arruda (PCdoB-CE).O senador Paulo Duque (PMDB-RJ), responsável pela presidência da primeira reunião da CPI da Petrobras que elegeria o presidente, esperou um pouco menos que 15 minutos para que a sessão desse quórum – o que se daria com a presença de, no mínimo, 11 titulares – para que pudesse começar a deliberação. A sessão começou no iníco da tarde, já conturbada pela falta de indicação de nomes por parte do PMDB e do PT.Nenhum dos senadores do bloco de apoio ao governo compareceram à sessão.Na semana passada, Inácio Arruda passou de titular para suplente da CPI das ONGs para que pudesse atuar como membro efetivo na CPI da Petrobras. Aproveitando-se desta brecha, o presidente da comissão, Heráclito Fortes (DEM-PI), nomeou para o cargo o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM).Mercadante classificou a manobra da oposição de “arbitrária”. Segundo ele, ainda na criação da CPI das ONGs, foi acordado que a presidência seria da oposição e a relatoria, da base governista. O líder do PT acrescentou que, quando o senador Raimundo Colombo (DEM-SC) pediu afastamento da presidência desta comissão, os senadores da base, mesmo com maioria, aguardaram a indicação do DEM do nome de seu sucessor.Questionado se essa cobrança não poderia gerar uma reivindicação, por parte do DEM e do PSDB, pelo compartilhamento dos cargos também na CPI da Petrobras, Mercadante disse que esse acordo não foi feito com a oposição e, por isso, não caberia tal interpretação neste caso. Já Arthur Virgílio Neto avisou que não abre mão da relatoria da CPI das ONGs.