Perdigão e Sadia anunciam em São Paulo criação de nova empresa resultante da fusão

19/05/2009 - 10h17

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A fusãodas empresas Perdigão e Sadia, concretizada na noite de ontem (18), será anunciada às 10h30 de hoje  em entrevista coletiva no Hotel Intercontinental, pelos presidentes do Conselho Administrativo da nova empresa, Nildemar Secches e Luiz Fernando Furlan.

Para o assessortécnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor(Idec), Marcos Pó, a fusão pode provocar aumento dos preços e queda naqualidade dos produtos, já que diminui a concorrência. “As empresas não se juntam para obem do consumidor, elas se juntam para ter lucro”, afirmou.

Asexperiências de fusão anteriores demonstram que oconsumidor não costuma ser beneficiado com esse tipo deoperação, de acordo com Pó. Para ele, aconcorrência é a única maneira de garantir que asempresas forneçam serviços de qualidade e preçosrazoáveis.

O professor de marketing da Faculdade de Economia, Administraçãoe Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA USP), MarcosCampomar, é “otimista” com ospossíveis resultados da união das duas empresas.Segundo ele, a nova companhia terá condições deoferecer produtos de melhor qualidade com preço menor.

Amelhoria dos serviços seria consequência da melhor utilização dos equipamentos e da mão de obra dasindústrias pertencentes a ambas as marcas. Na avaliaçãode Campomar, a unificação também permitiria "nivelar por cima" os padrões de qualidade.

O professor não descarta a possibilidade daexistência de monopólio, pois a fusão irácombinar a força de penetração no mercado dasduas empresas. “O que fará pressão sobre as empresasmenores”, alertou Campomar. Nesse cenário, eleacredita que as outras empresas só teriam espaço entre as pessoas de renda mais baixa.

Quantoa demissões, Campomar acredita que devemocorrer em níveis gerenciais, de maneira a adequar aestrutura administrativa. Ele não acredita em “demissões em massa”.

No que diz respeito aos fornecedores, Marcos Campomar prevêuma situação mais complicada. Segundo ele, com aconcentração de mercado decorrente da fusão, anova empresa teria mais poder de negociação e poderiaexigir melhores condições de compra. “ Quando umcomprador é forte, ele pode forçar o preço queele quiser”, explicou.

Para o presidente da Associação Catarinense deCriadores de Suínos (ACCS), Wolmir de Souza, a situaçãodos produtores não deve mudar. “A política delesé igual, não muda nada”, afirmou. Segundo Souza, muitos produtores apenas prestam serviçopara as grandes empresas do ramo de alimentos, que são donasdos produtos e dos insumos.

Souza se diz favorável à fusão, por acreditar que a novaempresa terá mais condições de abrir espaçono mercado internacional. “Nós precisamos ser competitivosno exterior”. Ele espera que os novos ganhos, obtidos com as possíveisexportações “sejam distribuídos com osprodutores”.

APerdigão e a Sadia juntas são responsáveis pelaabsorção de cerca de 35% da produção desuínos de Santa Catarina, estado de origem das empresas.