Banco do Brasil apoia negociação para que Banco Central mude divulgação de taxas

19/05/2009 - 20h40

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), com apoio do Banco do Brasil (BB), está mantendo conversas com o Banco Central  (BC) para negociar mudanças na divulgação do levantamento diário sobre as taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras. Segundo o vice-presidente de Cartões e Novos Negócios e Varejo do BB, Paulo Caffarelli, a metodologia de pesquisa do Banco Central precisa ser mais debatida.Hoje (19), o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, negaram que a instituição tenha reajustado as taxas de juros cobradas dos tomadores de empréstimos nas últimas semanas. De acordo com o BC, os juros cobrados pelo BB nas quatro principais operações para pessoas físicas – cheque especial, crédito pessoal, aquisição de bens e aquisição de imóveis – têm aumentado semanalmente desde 15 de abril.O vice-presidente do Banco do Brasil repetiu os argumentos de Bendine para rebater os dados do Banco Central. Segundo Caffarelli, o levantamento do BC mostrou alta nas taxas cobradas pelo Banco do Brasil nas últimas semanas porque, pela metodologia do Banco Central, são apresentadas apenas as taxas médias cobradas pelos bancos. Na avaliação do vice-presidente, isso torna a divulgação sujeita às flutuações de mercado.Apesar da divergência de informações, o vice-presidente do BB negou desavenças com o Banco Central. “O Banco Central apenas faz o trabalho dele. Agora é necessário que os bancos expliquem cada vez mais os resultados que aparecem na pesquisa para evitar confusões”, afirmou Caffarelli.Segundo o BB, a taxa que aparece na pesquisa não considera os prazos dos empréstimos nem o risco das operações e dos clientes que tiveram acesso ao crédito no período do levantamento. Além disso, os juros médios são divulgados por modalidades consolidadas, sem levar em conta os subprodutos existentes em cada item, cujas taxas são diferentes.Com a ampliação dos prazos na concessão de linhas de crédito, ressaltou Caffarelli, as taxas aumentaram na média. “Em todo lugar do mundo ocorre isso. Quando você financia por um prazo maior, os juros são maiores”, alegou. As taxas médias para financiamentos de 13 a 24 meses são de 2,44% ao mês no BB, enquanto os juros das linhas de 49 a 60 meses chegam a 3,23% ao mês. “Mesmo com esse aumento, as taxas do Banco do Brasil são as menores do mercado”, disse.Outro fator responsável pela alta nos juros apontado pelo Banco Central, acrescentou o vice-presidente, tem sido a própria recuperação do crédito. “Como os clientes de maior risco estão voltando, eles pagam juros maiores porque o risco de inadimplência maior no passado interfere na composição da taxa”, explicou o vice-presidente.Caffarelli afirmou ainda que o BB não apenas deixou de aumentar os juros como reduziu algumas taxas. No financiamento de veículos para pessoa física, as taxas passaram de um intervalo entre 2,42% e 1,38% ao mês para uma faixa entre 2,38% e 1,21% ao mês. Os números divulgados pelo BC, explicou ele, estão dentro dessa banda. “A taxa média pode subir ou descer conforme o momento, mas o que importa é que os limites [mínimo e máximo] ficaram menores”, arfirmou.O BB informou ainda que, considerando os prazos maiores, a inadimplência dos seus clientes caiu em abril. A instituição, no entanto, não divulgou o percentual para o mês passado. Apenas afirmou que, de janeiro a março, os atrasos superiores a 90 dias chegavam a 5,9% dos clientes, o mesmo nível registrado no último trimestre de 2008. “Como o Banco do Brasil tem operações na bolsa, ainda não podemos divulgar os dados da inadimplência em abril”, disse Caffarelli.