Fiocruz desenvolve exame para diagnosticar autismo

04/05/2009 - 6h57

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O InstitutoFernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),desenvolve metodologia para a elaboração dediagnóstico da síndrome de autismo por meio de exameslaboratoriais com aparelhos de eletroencefalograma computadorizado.

Jáutilizado no diagnóstico de outras síndromes, o exame amplia emede as correntes eletromagnéticas no cérebro emdiversas freqüências (de 3 a 27 hertz) e permite verificaras ligações entre os grupos de neurônios. Segundoos pesquisadores da Fiocruz, as vantagens do exame são custoacessível e disponibilidade da tecnologia em várioshospitais e postos de saúde no Brasil.

De acordo com ocoordenador da pesquisa, o neurologista infantil AdaíltonTadeu Alves de Ponte, a análise de dados já permitiuverificar que as respostas no hemisfério cerebral direito têmuma amplitude menor que o esquerdo, ou seja, “há umadeficiência de ativação do hemisfériodireito em relação ao hemisfério esquerdo,quando se compara com as crianças que não apresentam omesmo problema”.

Segundo o médico, o hemisfério direito está associado àsfunções socioafetivas, emocionais, de empatia ede percepção do contexto e compreensão social,enquanto o hemisfério esquerdo é mais envolvido com ocálculo e o raciocínio.

Estimativasinternacionais mostram que a ocorrência da síndromepode ser de uma em cada 500 crianças até uma em cada milcrianças. O autismo tem uma incidência maior sobremeninos - 70% das pessoas com autismo são do sexo masculino.

AdaíltonTadeu explica que a ciência ainda não sabe porque ocorreo autismo. O grupo de pesquisa trabalha com a hipótese deque é um fenômeno de causa genética, associada amecanismos alérgicos não identificados e desenvolvidosainda no útero, durante a gestação. Essesprocessos desencadeiam inflamação que altera odesenvolvimento do cérebro e as ligações nohemisfério direito.

A síndrome doautismo foi descoberta simultaneamente, na década de 1940, pordois médicos de origem austríaca, que trabalhavamseparadamente: Leo Kanner, erradicado nos Estados Unidos, e HansAsperger, que permaneceu na Europa durante o período da Segunda Guerra Mundial. A palavra autismo foi criada pelopsiquiatra suíço Paul Eugen Bleuler para descrever a“fuga da realidade” observada em alguns indivíduos.

Segundo o Ministérioda Saúde, há grande variabilidade de sintomas autistas(espectro), sendo possível identificar desde pessoas muitocomprometidas até pessoas com alto grau de desempenho e comhabilidades especiais (os chamados asperger, em homenagem a umdos descobridores da síndrome).Na rede pública,o atendimento às pessoas com autismo deve ser feito em um dos1.300 Centros de Atenção Psicossocial que, segundo o ministério, contam com equipes multiprofissionais (médicos,enfermeiros, psicólogos, psicopedagogos, terapeutasocupacionais, assistentes sociais, professores de educaçãofísica).