Senado investiga contratos de crédito consignado

02/05/2009 - 15h06

Marcos Chagas e Priscilla Mazenotti
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Todos os contratosfeitos entre o Senado e 38 instituições bancáriasque exploram o serviço de crédito consignado paraservidores já estão sob investigação detécnicos da Casa. A determinação foi doprimeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI). Ementrevista à Agência Brasil, o senador minimizouas declarações do ex-diretor de Recursos Humanos, JoãoCarlos Zoghbi, à revista Época.“Eu esperavaentrevista pior. Na matéria ele traz apenas insinuações”,disse. “A mesa Diretora tem tomado, desde a primeira semana queassumiu, medidas [administrativas]. Inclusive reduzimos amargem de juro do empréstimo consignado para o teto de 1,67%.Acabou a gordura de toda essa farra”, completou.À revista Época,Zoghbi e a esposa dele, Denise, disseram que o ex-diretor-geral,Agaciel Maia, seria sócio das empresas que prestam serviçosao Senado. As irregularidades estariam em contratos de diferentessetores, como comunicação social, transporte, segurançae taquigrafia. O casal Zoghbi também insinua, na reportagem, aparticipação de dois senadores que já comandarama 1ª Secretaria da Casa: Romeu Tuma (PTB-SP) e Efraim Moraes(DEM-PB).Heráclito Fortesreagiu contrariamente à declaração de algunssenadores de que vão cobrar, a partir da próximasemana, uma atitude mais efetiva da Mesa Diretora sobre asinvestigações. Parlamentares de diferentes partidos jáse articulam para criar um movimento de pressão a fim de queórgãos externos como a Polícia Federal, oMinistério Público e o Tribunal de Contas da Uniãoentrem na investigação.“Se fizerem isso, émelhor entregar o Congresso para esses três órgãosadministrarem. A Polícia Federal investigou Agaciel Maia pordois anos e não encontrou nada. Não é por aí.Se a PF tivesse sido competente e eficiente, talvez tivéssemoslivres de muita coisa.”Fortes disse ainda queincluir órgãos externos na investigaçãodos contratos do Senado representaria uma “injustiça” comos aparatos internos da Casa, especialmente a Polícia doSenado, que já investiga a denúncia de que Zoghbi teriaempresas de fachada para intermediar os contratos com créditoconsignado.Quanto àsauditorias nos contratos com empresas terceirizadas, já emandamento na Casa, o senador afirmou que, por conta disso, 30% dosvalores desses acordos já foram reduzidos. Ele explicou que ostécnicos encontraram irregularidades, especialmente no que sedefine como “fator K”, que é a correçãopermitida aos valores dos contratos firmados.Segundo ele, o TCUestabelece que os contratos sejam corrigidos em até duas vezese meia do valor original e as auditorias feitas demonstraramsobrepreços quatro vezes acima do que o firmado inicialmente.