Assembléia indígena defende fim de protestos em Dourados (MS)

03/02/2009 - 19h52

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Vinte e oito liderançasindígenas decidiram hoje (3) não apoiar os protestoscontra a direção da superintendência regional daFundação Nacional do Índios (Funai) de Dourados(MS). Em reuniãorealizada na cidade, líderes das etnias Guarani-Kaiowá,Guarani-Ñandeva e Terena defenderam a permanência deMargarida Nicoletti na chefia do escritório regional doórgão.“Achamos que este não é omomento da saída de Margarida”, afirmou o índioguarani-kaiowá e membro da Comissão Nacional dePolítica Indigenista (CNPI) Anastácio Peralta, ementrevista à Agência Brasil depois da assembléia.Segundo ele,os índios que habitam o sul de Mato Grosso do Sul nãosabem quem seria capacitado para substituir Margarida Nicoletti casoela deixasse a chefia da Funai na região - possibilidade jádescartada pela própria Funai. Os índios defendem que ela fique no cargo e que seja iniciadauma discussão para indicação de um líderindígena que, futuramente, possa substituí-la. “Aindatemos que preparar uma liderança de alguma das comunidades daregião para assumir a chefia”, afirmou.Desde asemana passada, cerca de 50 índios realizam manifestaçõespedindo o afastamento de Nicoletti. Na quinta-feira (29), elesinvadiram a sede regional da Funai e só desocuparam o local nodia seguinte, após determinação da Justiça.Ontem (2), os índios iniciaram um bloqueio em um trecho darodovia MS-156 que cruza a cidade de Dourados.Peralta afirmouque as lideranças vão pedir aos manifestantes o fim dosprotestos. Mas adiantou que a negociação serácomplicada, pois os manifestantes sequer consultaram os líderesda região antes de invadir a Funai e bloquear a rodovia.Deacordo com ele, a maioria dos índios apóia apermanência de Margarida por ser uma das defensoras daampliação das reservas indígenas na região.A questãofundiária dos índios do sul de Mato Grosso do Sul éantiga e alvo de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que aProcuradoria da República firmou com a Funai exigindo novas demarcações.“AMargarida realmente abraçou a nossa causa [asdemarcações]”, disse Peralta. “A tentativa detirá-la do cargo só tende a prejudicar a resoluçãodo nosso maior problema.”Até a publicaçãodesta reportagem, a Agência Brasil não haviaconseguido entrar em contato com os líderes dos protestosrealizados em Dourados. O bloqueio da rodovia MS-56 ainda era mantido pelos manifestantes.