Queda no IGP-M foi influenciada pela crise financeira, indica FGV

21/01/2009 - 11h50

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A deflação de 0,58% constatada na segunda prévia de janeiro do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) foi influenciada pela retração da economia mundial, em função da crise financeira. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo ele, entre os efeitos da crise sobre a economia do país está a queda dos preços de produtos industriais, que neste levantamento apresentaram recuo de 1,37%, após queda de 0,32% no mesmo período de dezembro. Os números foram divulgados hoje (21) pela FGV.“A gente já vem detectando queda de preços, sobretudo nos produtos da indústria, desde dezembro, mas em janeiro ela se aprofundou. Isso tem a ver com a crise internacional, que tem feito com que muitos produtos importantes tenham seus preços reduzidos, como o petróleo. E [isso] traz impacto sobre os preços dos combustíveis, dos metais, entre outros. Esses produtos estão em queda forte no mundo todo e o Brasil não está isolado. Demorou um pouco, mas também estamos sentindo os efeitos [da crise] ”, explicou. O analista destacou ainda como fator para a desaceleração do IGP-M a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciado pelo governo em dezembro. Segundo ele, embora seja uma medida interna, também veio como conseqüência da crise no setor financeiro.“Foi uma medida que o governo tomou para tentar enfrentar uma crise de dificuldade de vendas. A redução do IPI é o melhor exemplo de como se deu a contribuição doméstica para o recuo do IGP-M nesta leitura”, acrescentou.Segundo o levantamento da FGV, os veículos e acessórios, no âmbito do Índice de Preços por Atacado (IPA) passaram de alta de 0,73% na segunda prévia de dezembro para queda de 8,31% neste levantamento. Este item foi o que mais contribuiu para o recuo de Bens Finais, cuja taxa passou de –0,20% para –0,86% neste período. O coordenador de Análises Econômicas do Ibre destacou que, embora a fundação não faça projeção sobre os resultados futuros relacionados à inflação, ele acredita que o IGP-M feche janeiro em desaceleração, pois neste levantamento já está computado o movimento dos preços relativos a um terço do mês. “Com essa prévia já temos uma boa parte do mês computado com taxa negativa, então eu acredito que vá continuar por aí”, afirmou.