Confederação da Agricultura prevê redução da safra e desaceleração no PIB do setor em 2009

08/01/2009 - 16h12

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A quebra da safraagrícola 2008/2009 ficará em torno de 10%, de acordocom estimativa da Confederação da Agricultura ePecuária do Brasil (CNA). O cálculo foidivugado hoje (8) à tarde pela presidente da entidade, KátiaAbreu, e mostra que o setor produtivo prevê uma queda aindamaior que a calculada pela Companhia Nacional de Abastecimento(Conab).A redução prevista pela Conab seráde 4,9% em relação à safra 2007/2008, quando opaís colheu 144 milhões de toneladas de grãos.Se a previsão se concretizar, a produção dasafra atual será em torno de 137 milhões detoneladas.A CNA não detalhou a quebra por lavouras, aocontrário do levantamento da Conab, que aponta maioresreduções nas safras de milho, soja e algodão,em contraponto a colheitas maiores de trigo e feijão.KátiaAbreu explicou que a diferença se deve ao fato do levantamentode campo da Conab ter sido feito em meados de dezembro. “De lápara cá, houve piora no cenário agrícola porcausa das adversidades climáticas, especialmente no Rio Grandedo Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul”, disse.O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) também fez uma estimativa de redução dasafra. Segundo os dados divulgados hoje, a produçãoagrícola deve alcançar 137,3 milhões detoneladas em 2009, volume 5,9% menor que o obtido em 2008 (145,8milhões de toneladas). Mas, como no caso da Conab, olevantamento do IBGE foi fechado na primeira quinzena de dezembro.A presidente da CNA disse que, além daredução mais acentuada na safra, a entidade temcálculos que apontam para uma perda de aproximadamente 8% naprodutividade agrícola da safra atual por falta de correçãoadequada do solo, em razão dos altos preços dosfertilizantes no mercado internacional.A exemplo da Conab, queatribui a queda da produção à crise financeirainternacional, que reduziu substancialmente a oferta de créditopara o produtor na hora do plantio, Kátia Abreu revelou que“os efeitos da crise mundial no agronegócio puderam serdimensionados concretamente no mês de outubro, em razãodo recuo de preços das commodities [soja,minério de ferro e outras matérias-primas com cotaçãointernacional]”.Segundo ela, o Produto Interno Bruto(PIB) da agroindústria e da pecuária teve déficitde 0,88% em outubro do ano passado, depois de 27 meses seguidos desuperávits. A última queda, de 0,15%, foi registrada emjunho de 2006.O setor mais afetado, de acordo com apresidente da CNA, foi a agricultura, com queda de 1,42% em outubro,ao passo que a pecuária, embora tenha apresentadodesaceleração, cresceu 0,44%. Apesar disso, noacumulado de janeiro a outubro de 2008, a agricultura evoluiu 5,81% ea pecuária 8,56%.Isso equivale a um PIB de R$ 685bilhões em dez meses, 6,6% a mais que o crescimento de todo oano de 2007, quando o PIB do agronegócio brasileiro somou R$642,6 bilhões.Kátia Abreu disse que o desânimodos produtores rurais diante do quadro de crise afetou a compra deinsumos para a produção agrícola, que acumularamelevação de 20,24% de janeiro a outubro de 2008. “Emconseqüência, o PIB do agronegócio deve crescermenos daqui pra frente”, disse ela, embora a CNA não façaprojeção a respeito.