Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Tornar a participação social no Brasil mais qualificada é um dos desafios que o Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida (Coep) tem pela frente, após 15 anos de existência. Foi o que disse hoje (7) à Agência Brasil a secretária-executiva da entidade, Gleyse Peiter. “São os desafios da mobilização, como um processo de inclusão participativa, ou seja, alcançar uma democracia que seja efetivamente participativa, na qual as pessoas possam estar contribuindo para isso”.Nas comunidades, afirmou, o desafio é respeitar a cultura local e trabalhar junto com as pessoas, construindo uma cidadania ativa. Para a sociedade como um todo, o desafio consiste na criação de mecanismos que permitam aos indivíduos se sentirem estimulados a contribuir e participar do processo social de forma efetiva.Nas organizações, segundo Gleyse, o principal desafio da mobilização é elas entenderem o seu papel público, independente da origem do capital, no sentido de contribuírem para a sociedade e para o desenvolvimento sustentável do país.
Criado em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o Coep tem sua atuação fundamentada em cinco pilares, que incluem segurança alimentar e nutricional; agricultura familiar; geração de emprego e renda; fortalecimento da participação social com reconhecimento dos direitos na aplicação de políticas públicas; e direitos humanos e sociais. “Hoje em dia, a gente ampliou o nosso leque de atuação, tendo como foco o desenvolvimento, quer dizer, o combate à pobreza na sua forma mais intensa”.
Quando foi idealizado o movimento Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria e Pela Vida, a prioridade do Coep era a doação de alimentos, devido à urgência de combater a fome de uma multidão de brasileiros. Gleyse afirmou que aquela grande mobilização inicial deu um passo à frente.
“Não que não precise mais doar alimento, porque a pessoa que está com fome não assiste à aula, não trabalha. Então, a questão da assistência permanece em situações mais emergentes, de calamidade. Digo que a gente deu um passo à frente no sentido de melhorar e tentar fazer com que as comunidades sejam protagonistas do seu próprio desenvolvimento. E fortalecê-las como tal”. A idéia é que, a partir do fortalecimento da participação das mulheres e dos jovens, por exemplo, as comunidades possam buscar o seu próprio desenvolvimento, explicou.