Família de cobrador morto em acidente no Metrô de SP não acredita em punição

07/01/2009 - 19h34

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O acidente na estação Pinheiros deMetrô, em São Paulo, que desmoronou e provocou a mortede sete pessoas que passavam pelo local, completa dois anos napróxima segunda-feira (12). Entre as vítimas estavaWescley Adriano da Silva, cobrador do microônibus que foiengolido pela cratera.Dois anos depois da tragédia, a famíliade Wescley diz que a sensação que ficou após atragédia é de “impunidade e frustração”.Apesar da Justiça ter aceitado a denúncia feita pelopromotor Arnaldo Hossepian Junior responsabilizando 13 pessoas peloacidente, o tio do cobrador, Elenildo Adriano, disse que a famílianão espera que os culpados sejam de fato punidos.“Provavelmente, se alguém for condenado,vai ser punido com prestação de serviço àcomunidade. Para nós, isso é frustrante. Esperamos quesejam punidos, mas achamos difícil”, disse à AgênciaBrasil.Para Elenildo, punir os réus àprestação de serviços, por exemplo, é“muito pouco” diante das perdas dos parentes das vítimas.“A gente acha que não vai ser feita justiça. Vãoindiciar 13 pessoas e destas, duas ou três devem ser punidas ecumprir a pena em liberdade. Eles podem não ter tido aintenção de matar, mas fazer uma obra com risco énegligência seguida de morte e deve ser punida”, afirmou.Outra reclamação feita pelo tio docobrador foi o fato do promotor não ter incluído nalista das 13 pessoas denunciadas, por exemplo, o nome do presidentedo Metrô na época, Luiz Claudio Frayze David. “Opresidente do Metrô é co-responsável. Ele deveresponder pela obra também”, disse. Na entrevista concedida ontem (6), o promotorArnaldo Hossepian Junior disse que não incluiu o nome dopresidente do Metrô na lista de denunciados porque nãoencontrou motivo para responsabiliza-lo pelo acidente. “O fato do presidente do Metrô àépoca não ter sido responsabilizado é porque oMinistério Público não verificou a possibilidadede imputar a ele qualquer responsabilidade por aquilo que sedesenvolvia ou não na fiscalização, que eraatribuição da companhia de Metrô”, disse.Mas admitiu que, caso surja algum novo indíciono decorrer do processo que demonstre a culpa de outras pessoas, elasainda poderão ser denunciadas à Justiça.Elenildo revelou que muita coisa mudou na vida dafamília com a morte do sobrinho. A mãe do cobrador,Elenilda Adriano da Silva, largou o emprego na capital e mudou-separa Natal, no Rio Grande do Norte, para “recomeçar a vida”.Já a viúva de Wescley continuavivendo em Taboão da Serra com o filho do casal, Kauã,que vai fazer dois anos de idade.Além de Wescley, também morreram nodesmoronamento do canteiro de obra da estação do Metrô,o motorista da van Reinaldo Aparecido Leite, os passageiros MárcioAlambert e Valéria Alves Marmit, o officeboy CíceroAugustino da Silva, o motorista de um caminhão que tambémfoi “engolido” pela cratera Francisco Sabino Torres e aaposentada Abigail de Azevedo.