MEC quer ensino médio integrado com a educação profissional

16/12/2008 - 19h22

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério daEducação (MEC) quer uma mudança profunda nasdiretrizes curriculares do ensino médio e a integraçãodessa etapa com a educação profissional. Após umano de trabalho, a comissão interministerial formada parareestruturar o ensino médio apresentou hoje (16) os primeirosresultados.Segundo ocoordenador-geral do ensino médio, Carlos Artexes, a idéiaé fortalecer a integração entre o MEC e osgovernos estaduais, responsáveis por oferecer essa etapa deensino para criar o que chamou de “ensino médio nacional”.A etapa é considerada a mais frágil de todo o sistemade ensino. Hoje, mais de 50% dos jovens de 15 a 17 anos nãoestão matriculados nessa etapa de ensino.O principal problemaapontado por especialistas é que o ensino médio nãoatende às necessidades do jovem brasileiro. O ministro deAssuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, que compõe acomissão, afirmou que a iniciativa é uma medida decapacitação do “povo do nosso país quefervilha de energia humana frustrada e dispersa”.“Vamos usar esseprojeto como alavanca para mudar a maneira de ensinar e de aprenderno Brasil. Substituir o ensino orientado para a decoreba por umensino analítico, capacitador. Será um ensino quesubstitui o foco na informação enciclopédicapelo uso seletivo da informação aprofundada comoinstrumento de capacitação”, definiu MangabeiraUnger.O processo de mudançado formato do ensino médio, segundo o ministério,começará pelos Centros Federais de EducaçãoProfissional e Tecnológica (Cefets), que hoje já adotamo modelo integrado. A rede está sendo expandida e a previsãoé inaugurar 150 escolas novas até 2010.“Nós vamos terque aprender a organizar essa colaboração com osestados, porque a maioria das escolas médias éresponsabilidade dos estados, eles é que tem a responsabilidade. Vamos engajar os estados na transformaçãodas escolas já existentes”, indicou Mangabeira. Ele nãoacredita que esse direcionamento interfira na autonomia dos estadospara definir as políticas estaduais de educação.“Não éuma imposição de cima para baixo. O governo federal tem legitimidade para atuar nas escolas técnicas. Eu tenho aconvicção de que a ampliação dos Cefetsvai exercer um imenso efeito demonstrativo, eles vão atrair osmelhores professores, os melhores alunos. Então, aos estadosque se interessarem, vamos propor uma colaboração natransformação do ensino médio”, apontou.Outra determinaçãodo grupo de trabalho é a obrigatoriedade do ensino médio.Hoje, o ensino é obrigatório dos 7 aos 14 anos, faixaetária que compreende o ensino fundamental. Mas o ministérioquer ampliar essa cobertura, por meio de Proposta de Emenda àConstituição (PEC), para alunos de 4 a 17 anos. Oministro da Educação, Fernando Haddad, afirma que asredes estaduais e municipais serão capazes de garantir esseacesso em um prazo de até seis anos.“Os númerosmostram que nos próximos dez anos o Brasil viverá ummomento único de bônus demográfico. A populaçãoentre 0 e 17 anos cairá entre 7 e 8 milhões em dez anos.Por isso é absolutamente possível que em um prazoinferir a esse, de cinco ou seis anos, nós possamos tornaressa regra universal”, argumenta.O membro do Conselheiro Nacionalde Educação (CNE) e presidente do movimento Todos pelaEducação, Mozart Neves, lembrou durante a apresentaçãoque é importante pensar na formação dosprofessores que irão aplicar esse novo modelo nas salas deaula. “O projeto é excelente, mas o que está sendotrabalhado hoje nas universidades é o oposto disso. Asinstituições de ensino superior precisarãoimediatamente enfrentar o desafio, é necessária umagestão articulada com as universidades”, apontou.O documento elaboradopela comissão deve ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva noinício de janeiro, segundo Haddad.