Índios do CIR prometem não acatar eventual decisão do STF em favor de arrozeiros

09/12/2008 - 17h13

Marco Antonio Soalheiro
Enviado Especial
Boa Vista - Navéspera da retomada do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) daconstitucionalidade da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Solem faixa contínua, o clima entre as lideranças do Conselho Indígena deRoraima (CIR) oscila entre o otimismo e o inconformismo com o risco de umadecisão que permita a permanência de produtores de arroz e agricultoresbrancos na reserva. Eles prometem não acatar pacificamente uma eventual decisão em favor dos arrozeiros. “Vamosgritar ao mundo inteiro e aí vamos tirar à força mesmo. Se é parabrincar com lei, vamos brincar. Aí  não dá não. Vamos recorrer e depoisver a outra situação”, respondeu o coordenador geral do CIR, DionitoJosé de Souza, quando questionado pela Agência Brasil sobre apossibilidade de uma decisão favorável aos produtores que pretendem semanter em propriedades ocupadas há algumas décadas. “Se o respeitoà Constituição for olhado com carinho e com amor, a Raposa Serra do Solvai ficar em área contínua”, acrescentou Dionito.Caso o STFconfirme a área de 1,7 milhão de hectares como de uso exclusivoindígena, o discurso do líder  muda. “Somos educados e vamos esperar aPF [Polícia Federal] e a Força Nacional retirarem os invasores.”A prevalecer o votodo relator, ministro Carlos Ayres Britto, que determinou a saída detodos os não-índios da reserva, o CIR planeja buscar parcerias para investir em projetos de desenvolvimento sustentável  nas comunidades,que complementem a renda proporcionada por cerca de 35 mil cabeças degado já existentes. “Queremos trabalhar com grandes projetos decastanha e fazer doce de caju. A caça e a pesca estão muito fracas”,argumentou Dionito.