Mulheres estão sub-representadas no espaço público, avalia ativista

05/12/2008 - 14h04

Da Agência Brasil

Brasília - Ainda que correspondam a 51% da população brasileira,as mulheres estão sub-representadas no espaço político. A avaliação éda coordenadora do Instituto Feminista para a Democracia (SOS Corpo)Carmen Silva.Para encontrar soluções que alterem o quadroatual, movimentos feministas discutem, desde a última quarta-feira (3),em Recife (PE), a luta das mulheres para a democratização da gestãopública. O evento, organizado pelo SOS Corpo e pelo Centro Feminista deEstudos e Assessoria (Cfemea), reúne gestorasmunicipais, estaduais e mulheres engajadas na luta por políticaspúblicas e nos conselhos de controle social."Estamos fazendo umbalanço de como é o Estado brasileiro em relação à democracia.Democracia para gente não é apenas eleição. Democracia implica estado de trabalho para superação das desigualdades existentes nasociedade”, observa a coordenadora.O objetivo do evento é mobilizar prefeiturasmunicipais, que irão tomar posse a partir do ano que vem, a implantarplanos de ações políticas voltadas às mulheres. “É um momento que omovimento feminino vai a campo exigindo das novas prefeituras aelaboração de planos municipais coerentes com o Plano Nacional dePolíticas Públicas para Mulheres”, diz.Balanço elaborado pelo Cefmea mostra que aparticipação política das mulheres, seja como candidatas ou eleitas,continua a evoluir a passos lentos. Em alguns casos, verifica-se atéuma diminuição, como neste ano, em que 12,52% dos eleitos para ascâmaras municipais foram mulheres, em contraste com 2004, quando elasrepresentaram 12,65% das eleitas. No casos das prefeitas, de um totalde 5.558 eleitos, apenas 9,08% são mulheres.“É claro que paulatinamente essa participaçãotem aumentado, o que para nós é uma satisfação, mas ainda estamoscompletamente sub-representadas nesses espaços de poder”, aponta Carmen.Segundo ela, existem dois fatores quedificultam a presença feminina em cargos públicos: asinterdições ligadas às desigualdades que existem na sociedade e a formacomo é organizado o sistema político brasileiro. “A questão que definea participação das mulheres no espaço da política é exatamente aestrutura de dominação masculina que está em todos os âmbitos da vida.Outro aspecto é que as mulheres não tem, como os homens, consistênciana carreira política.”Ela argumenta que faltam ações afirmativas queincentivem a participação feminina, como recursos partidários e horárioem campanhas eleitorais. “O que ocorre é o contrário, não há prioridadepara as candidatas”, critica.Como solução a coordenadora do SOS Corposugere mudanças no sistema político, criando leis quefavoreçam a participação das mulheres. Ela destaca também a importânciado dever do Estado brasileiro em enfrentar a situação da pobreza,desamparo e desemprego, já que a dupla jornada de trabalho e a falta deemprego enfrentada pela maioria das mulheres são exatamente asinterdições do acesso feminino à vida pública. “Enquanto isso nãoacontecer temos que exigir das novas prefeituras municipais que tenhamobrigação de fazer planos de políticas específicas para as mulheres”,destaca Carmen.