Vestibular indígena oferece oportunidade para desenvolvimento social de etnias

25/11/2008 - 17h17

Akemi Nitahara
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - Desde2006, a Universidade de Brasília (UnB) abre vagas exclusivaspara estudantes indígenas. O vestibular é direcionado,e o candidato precisa provar sua relação com a etniaque representa.Segundo o coordenador de Apoio Pedagógicoda Fundação Nacional do Índio (Funai), GustavoMenezes, dez universidades federais têm açõesafirmativas para a inclusão dos indígenas: "Asuniversidades já se conscientizaram de que essa é umademanda muito forte da sociedade.” Menezes destacou que existemuita discussão em torno do assunto, mas que, em geral, existe sensibilidade da parte dos reitores de que isso é benéficopara a vida acadêmica, e não negativo.“Como a gente sabe, eles [índios]normalmente têm mais dificuldade de acesso a cursinhos, e ademanda estava crescendo muito. Então, sem todas essassituações favoráveis, o acesso deles era muitodifícil."De acordo com Menezes, cada universidade tem umsistema diferente. Algumas trabalham com cotas no vestibular, outrasreservam vagas. Para a Funai, a UnB é uma vitrine do programade inclusão dos índios, porque, além de abrir asvagas, a instituição acompanha os estudantes, paragarantir que terminem o curso."Muitas vezes, por seu próprioesforço, eles entravam na faculdade, mas as condiçõeseram muito desfavoráveis. Havia muita desistência”,disse Menezes. Além de acesso, eles precisam de acompanhamento para serem bem-sucedidos e, ao final do curso,contribuírem para a própria comunidade, mas sabendo queisso é para alavancar a situação dos indígenas,e alguma forma, mesmo que pontual, completou.Atualmente, há 23 índios fazendocursos na UnB. Josinaldo Aticun, aluno do sexto semestre demedicina, lembra que, no começo do curso, teve muitadificuldade para acompanhar a turma, porque estava menos preparadodo que os colegas. Ele disse que escolheu esse curso por causa dacarência de profissionais da área de saúde paraatender as população indígenas."Os médicos simplesmente não seadaptam à realidade dos índios, e aí nãodemoram, existe uma rotatividade de profissionais de saúdemuito grande nas áreas indígenas. Isso dificulta muitacoisa.” Josinaldo ressaltou que, com isso, viu nesse convênioa possibilidade de ajudar mais de perto seu povo. “Você sabecomo é que funcionam as coisas, então, tem maispossibilidade de respeitar o conhecimento tradicional existente."Para ele, a reserva de vagas para índiosnas universidades federais é uma forma de corrigir asinjustiças sociais do país. "É uma maneirade começar a resolver o problema da desigualdade social noBrasil, sobretudo com a população indígena, quefoi por muito tempo martirizada e massacrada. E é umaoportunidade para começar a pensar no desenvolvimento dessapopulação."As inscrições para o terceirovestibular indígena da UnB vão até 15 dedezembro. As 20 vagas são para os dois semestres de 2009,divididas entre os cursos de agronomia, enfermagem e obstetrícia,engenharia florestal, medicina e nutrição. Informaçõesno site www.cespe.unb.br/vestibular.